Pesquisar este blog

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Nem tudo que rima faz sentido



As rimas nem sempre valorizam o poema. Algumas vezes até os desqualificam. Principalmente quando usadas apenas para caberem em  versos de uma música.
Por exemplo: nunca entendi porque o grande compositor brasileiro, Noel Rosa, disse nesta música  -
"Quando morrer
não quero choro nem vela
quero uma fita amarela
gravada com o nome dela".
Não sei se a fita amarela foi usada por ele em vida, ou se foi usada apenas para rimar com vela e com ela.  Nessa mesma música tem outra estrofe curiosa:
"Se existe alma.
se há outra encarnação.
eu queria que a mulata
sapateasse no meu caixão" .
Mas será que a mulata ( termo hoje politicamente incorreto) teria que sapatear em cima do caixão só pra rimar com encarnação?Já que ele disse em outra estrofe, mais adiante -
"Estou contente,
consolado por saber
que as morenas tão formosas
a terra um dia vai comer".
Esse comer rimando com saber, que pode ter duplo sentido,  eu entendi como vingança. Tudo bem, já que vingança se usava muito em letra de música da época. Mas, depois de sapatear em seu caixão ele fica contente dela ser comida pela terra? 

Porém, quero deixar claro, que nada disso invalida o trabalho deste compositor,  autor de Três Apitos, uma das mais lindas músicas de Noel, que era também um boêmio, cantor e violonista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mulheres que atravessaram o século

Fazendo parte desta Coletânea  Por detrás de uma grande conquista existe uma grande história. Ao me deparar com uma foto da minha primeira C...