foto de Toni Frissell |
O transtorno de personalização é classificado como um transtorno neurótico e somatoforme, ou seja, que pode comprometer a sensação do eu físico e psíquico de uma pessoa. Indivíduos que sofrem desse mal sentem que não estão inseridos no mesmo contexto que as outras pessoas, como se estivesse num sonho ou vendo o mundo através de uma tela.
O médico João Ricardo Mendes de Oliveira, do Departamento de Neuropsiquiatria da USPE, acredita que, embora não se saiba muito sobre a despersonalização, talvez trate-se de uma espécie de mecanismo de defesa, pois costuma aparecer em pacientes com transtorno grave de ansiedade " seria uma maneira da mente se preservar da tensão". Diz ele, ainda, que cerca de 10% da população pode ter um episódio de transtorno neurótico, como a despersonalização, durante a vida, sem que necessariamente se torne um problema crônico- é possível melhorar do transtorno com combinação de medicamentos - por exemplo, os ansiolíticos- e psicoterapia, pois sem a terapia o problema pode retornar, mesmo que a droga reverta os sintomas. Uma das dificuldades daqueles que sofrem do transtorno de despersonalização é poder expressar seus sentimentos de modo que outras pessoas, especialmente seus familiares, possam entender o que estão passando. "Alguns acham que estão enlouquecendo" observa o médico.
A foto acima, uma mulher flutuando com todo seu corpo dentro d' água, exceto pelo seu rosto, tirada em 1947 pela fotógrafa norte-americana-Toni Frissell ,(1907-1998)*, ajudou a paciente a transmitir como ela se sentia. "Ao ver a imagem, minha paciente, que também sofre de transtorno obsessivo compulsivo, finalmente descobriu uma forma de explicar o que se passava com ela; quando o paciente é capaz de explicar o que está acontecendo com ele, a tensão diminui e ele percebe que os outros o entendem e que ele não é o único a passar por isso" afirma o médico, que viu no episódio um grande benefício terapêutico.
* Toni Frissel é conhecida por seu trabalho com moda e esportes, bem como por sua cobertura da Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra Frissell se dedicou também a fotos de mulheres que expressavam a condição humana.
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