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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Luz de Inverno - Filme belíssimo de Ingmar Bergman - 1962

Com a paranoia de uma iminente guerra nuclear um pescador se mata  quando descobre a existência da bomba atômica na China.O  pároco fica com sentimento de culpa por não ter podido evitar o suicídio. Onde estava Deus diante da tragédia?
O questionamento sobre a existência de Deus. O sofrimento da vida se tornaria mais compreensível se Deus não existisse?
E o que foi maior, o sofrimento físico de Cristo na cruz ou seu sofrimento por se sentir abandonado por Deus? Pergunta feita ao pároco pelo deficiente físico e  ajudante de missa.
A crise de fé do padre, que se ordenou depois que ficou viúvo e triste e não consegue segurar seus fiéis na sua igreja, num pequeno lugarejo frio.
E a paixão de uma professora solteirona pelo pároco e que não acredita na  fé dele em Deus.




terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Caruru dos Mabaços


De repente me veio a lembrança de um tempo em que os devotos de Cosme e Damião festejavam o seu dia, 27 de Setembro, com um animado Caruru. Por toda a redondeza não se falava em outra coisa. Havia festa, principalmente nas casas onde tivesse gêmeos, e esta era o caso da minha. É nesta festa que eu entro com minhas lembranças de criança. O fato de ter irmãos gêmeos nos dava o direito, ou quem sabe o dever, de festejar o aniversário deles como mandava o preceito. Os "mabaços'', como os chamava minha avó, eram como enviados de Deus, e não se media esforços para festejar este dia, a começar pela missa a São Cosme e São Damião, logo de manhã, na Capela do bairro, missa especial para eles. Ganhávamos  roupas novas e quando voltávamos da missa já encontrávamos a casa com as ajudantes para cortar os quiabos. Eram as vizinhas que faziam questão de ajudar na cozinha neste dia. Meu pai, que não era nem exatamente católico nem evangélico, criticava dizendo que Cosme e Damião nunca foram irmãos e sim amigos, e que caruru era apenas uma comida de origem africana. Mas ninguém dava ouvidos. O bom mesmo era a preparação, o falatório e a festa dançante. Mesmo os que não eram convidados se infiltravam, com a desculpa de que eram devotos dos santos. O preceito mandava que se pedisse, durante a semana que antecedia a festa, uma tal de esmola para os santos, na redondeza, com a imagem de Cosme e Damião dentro de uma caixa enfeitada com flores, tarefa dada às crianças do bairro.Era uma algazarra. Tinha meninos que roubavam as moedas dos outros "pedintes" para não voltar sem nada, pois não era todo mundo que acreditava na veracidade dos pedidos. Porém, a lembrança mais forte que tenho desta época aconteceu  num caruru de uma vizinha em que  fui escolhida para fazer parte dos sete meninos do preceito. Sem saber, aceitei, e quando dei por mim estava sentada com mais seis crianças em volta de uma bacia cheia de caruru e todos comendo com as mãos diretamente, fazendo a maior meleira. Fiquei com nojo e não quis comer, mas permaneci olhando. Quando voltei, para o meu lugar, estavam servindo aos convidados, num prato separado, o caruru arrumadinho. Passaram por mim e disseram: você já comeu . Meus irmãos menores, que não participaram do preceito e sabiam da minha decepção, ficaram rindo de mim, que estava com água na boca. Voltei pra casa sem comer, nunca esqueci.

Hoje em dia quase não vemos este tipo de festejo. "Os católicos, que faziam caruru, viraram crente", como bem falou minha empregada, que já ganhou muito dinheiro, segundo ela, para cortar panelões de quiabos quando menina. Mas, apesar de não ter religião, eu sempre faço um caruru, sem preceitos, que aprendi com minha avó, atendendo a pedidos de casa. Um dos irmãos gêmeos já é falecido e, talvez por isso, a gêmea com ele não goste de festejar o "dia dos mabaços", como dizia minha avó.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

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Ciência, Globo,  Folha de S. Paulo, Veja




terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sabe o que é Transhumanismo?

                                                                                                    
Foto google
Resumo do artigo  de Fred Furtado "O Futuro Transumano"', da Rvista Ciência Hoje, número 307, RJ  

Melhoramento físico e cognitivo dos humanos por meio de novas tecnologias.
É o movimento que defende que a forma atual do ser humano não representa o fim do nosso desenvolvimento, mas sim uma fase relativamente precoce. Ou seja, assim como usamos métodos racionais para melhorar as condições sociais e o mundo externo, também podemos utilizar novas tecnologias para o melhoramento físico e cognitivo dos humanos, sem necessariamente estarmos limitados a meios tradicionais como educação e desenvolvimento cultural.
Os bioconservadores, que se opõem aos transumanistas, acham que isto é uma nova versão da eugenia, movimento da primeira metade do século 20, que procurava a melhora da espécie humana pela promoção da criação de indivíduos considerados ‘aptos’, dificultando a de pessoas não dotadas de qualidades ‘positivas’, como portadores de deficiências físicas e mentais, homossexuais, certas etnias, entre outros, cujos métodos da prevenção incluíam esterilização compulsória, abortos forçados, segregação racial, eutanásia e extermínio em massa (com genocídio de milhões de judeus e ciganos na Alemanha nazista).
Porém, os transumanistas negam essa aproximação com a eugenia. Eles afirmam que o transumanismo defende os princípios da autonomia do corpo e da liberdade procriativa e ninguém deve ser forçado a usar qualquer tipo de tecnologia. Diagnósticos genéticos pré implantação (PGD em inglês) é uma técnica que permite selecionar embriões que não tenham genes relacionados a doenças, como, por exemplo, a fibrose cística. Esta é uma aplicação justificada, pois aumentaria a probabilidade de uma criança ter uma vida saudável e feliz. O filósofo australiano Julian Savulescu, diretor dos centros de Ética Prática e de Neuroética da Universidade de Oxford, denomina isso de ‘beneficência procriativa’. Embora a decisão deva ser dos pais, seria incorreto não tomar precauções razoáveis para garantir que a futura criança tenha uma melhor vida possível, assim como seria errado não obter o melhor tratamento para um filho doente. Mas, existem casos em que o próprio filósofo Savulescu se contradiz, como a questão das norte-americanas Sarah Duchesneau e Candy McCullogh. Surdas, em 2002 usaram o esperma de um amigo com surdez hereditária para ter um filho surdo. O filósofo australiano não vê problemas éticos na decisão: “A beneficência procriativa é um princípio moral que nos diz o que devemos fazer. Mas a autonomia procriativa é um princípio legal – devemos nos reproduzir da maneira que desejarmos, desde que não causemos danos a outros”. Embora considere a surdez como uma deficiência, Savulescu acha que sua opinião não deve ser imposta a outros. Não se pode permitir que pais surdos destruam a audição de seus filhos para torná-los surdos também. Portanto, o problema é complexo. 
Outros problemas que os opositores alegam é o aumento da desigualdade social e polarização na sociedade. Mas, para o cientista da computação Fábio Gandour, chefe de pesquisa da IBM Brasil, "isso não é tão assustador quanto parece. Seremos mais competitivos no futuro, é certo, assim como é hoje ter um tablet mais novo,  e será assim com os implantes". Mas por enquanto o objetivo é a terapia: permitir que as pessoas com deficiências ou doenças degenerativas possam ter uma vida similar a de pessoas sem esses problemas.
Para o físico Luís Alberto Oliveira, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) essas mudanças suscitarão a discussão do que se entende por normalidade: "Num horizonte mais distante nos questionaríamos sobre  qual é o limite entre o natural e o artificial". Os desafios éticos dirão se o futuro será bom ou mau.                                                                                       

- Para ler mais http://humanityplus.org/philosophy/transhumanist-faq/

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

De Anticorpos e Polícia

foto google
foto google
A qualquer hora que ligamos a televisão vemos manifestações de rua com vândalos em confronto com a polícia e, logo depois, depoimentos criticando a ação dos policiais. Ora, o papel da polícia é contra-atacar. Se o patrimônio público está sendo depredado, se as pessoas não estão tendo a liberdade de ir e vir, e correndo risco de vida é de se esperar que haja reação policial. Sabemos que em nosso corpo existe um mecanismo de defesa natural que age contra o inimigo invasor, são os anticorpos. Se estamos correndo risco de vida eles entram em ação. São os nossos “soldados”.O sistema imunológico é a polícia do nosso corpo, composto por células e moléculas que “patrulham” o organismo com a intenção de nos defender de “invasores” externos (bactérias, fungos, vírus, protozoários e até mesmo venenos). Quando um destes invasores entra no seu corpo, começa uma guerra. Algumas vezes eles erram na interpretação, causando prejuízo à saúde. Mas nem por isso devemos generalizar e eliminá-los, caso contrário, estaremos sujeitos a ataques sem que tenhamos nenhuma defesa. Demonizar a polícia é o mesmo que querer eliminar os nossos anticorpos. Os métodos podem não agradar e causar efeitos colaterais, assim como acontece quando somos submetidos ao ataque e defesa entre corpos estranhos e anticorpos. Ruim com eles pior sem eles, como se diz. Claro que alguns métodos de ataque são, muitas vezes, mais desastrosos que outros, assim como nos anticorpos. Uns lançam substâncias de ataques outros agem diretamente englobando os invasores. Esse ataque muitas vezes causa sintomas de dor, inflamação etc. Mas, apesar disso, o processo é benéfico. No caso dos policiais muitas vezes a situação foge ao controle, dada a situação de tensão causada pelo vandalismo generalizado. Os anticorpos sabem identificar quimicamente o invasor, porém, o mesmo não acontece com o policial, principalmente quando o inimigo vem mascarado.

sábado, 7 de setembro de 2013

Um pouco do crítico e irônico Machado de Assis


Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, era pobre, epilético e neto de escravos alforriados, não frequentava a escola com regularidade mas sempre teve grande interesse pela leitura e por isto conseguiu instruir-se por conta própria. Aos 16 anos publicou seus primeiros versos no jornal A Marmota, nessa época ele trabalhava como aprendiz em uma tipografia. Seu reconhecimento só veio na década de 1870, época influenciada pela Literatura romântica. Na década de 1880, uma mudança de estilo e de conteúdo fundou o Realismo no Brasil, e sua carreira sofreu uma grande reviravolta; é ai que ele revela toda a sua ironia e espírito crítico através de suas obras, como os romances Memórias Póstumas de Brás Cubas,(1881), Quincas Borba (1891) Dom Casmurro (1899). Nessas obras Machado de Assis faz uma grande reflexão sobre a sociedade brasileira e os valores morais dos que nela vivem.

  No capítulo XXX de Memórias Póstumas, sobre a escola, por exemplo, lemos um trecho: "Tinha amarguras esse tempo; tinha os ralhos, os castigos, as lições árduas e longas, e pouco mais, mui pouco, e mui leve. Só era pesada a palmatória, e ainda assim....Ó palmatória terror dos meus dias pueris, tu que foste o compelle intrare¹, ...... Que querias tu, afinal, meu velho mestre de primeiras letras? Lição de cor e compostura na aula; nada mais, nada menos do que quer a vida, que é das últimas letras; ..."
Memórias Póstumas de Brás Cubas, foi divulgado primeiramente na "Revista Brasileira" em 1880 e em Volume no ano seguinte, causando impacto com o seu tom cáustico e seu pessimismo. Machado se Assis
confessava adotar a "forma livre" de Lawrence Sterne,(1713-1768), escritor inglês, famoso pela sua ironia e humor. Também o filósofo Arthur Schopenhauer ( 1788- 1860) impregnou o pensamento de Machado. Segundo este filósofo o universo é Vontade; cega, obscura, e irracional vontade de viver.

Em Machado, o experimentalismo ficcional está animado pelo espírito de brincadeira e zombaria.
Em Quincas Borba no capítulo XXX, vemos os anti-valores e desfaçatez:
" Rubião perguntou-lhe uma vez:
Diga-me senhor Freitas, se me desse na cabeça ir à Europa, o senhor era capaz de acompanhar-me?
 - Não,
- Por que não?
- Porque sou amigo livre, e bem podia ser que discordássemos logo no itinerário.
- Pois tenho pena, porque o senhor é alegre.
- Engana-se, senhor; trago esta máscara risonha, mas eu sou triste. Sou um arquiteto de ruínas...."²






¹ compelle intrare - " obrigue-os a entar" parábola bíblica que quer dizer que a violência é válida quando usada para o bem. (Nota do Editor  de Memórias Póstumas de Brás Cubas- Série Bom Livro Edição Didática).

²-
Clássicos Brasileiros - edição de Ouro





domingo, 1 de setembro de 2013

O Desabafo da Barata

Foto google
Estou na dúvida se  fico aqui escondidinha esperando que essa idiota desista de me matar com o chinelo, e aí é bem provável que ela opte por um inseticida, ou se me arrisco, saindo correndo numa velocidade proporcional  a de uma fórmula 1. Então ela sai correndo atrás de mim e se eu tiver sorte ela bate com o chinelo no chão várias vezes, enquanto fujo para uma frecha mais segura da cozinha dela. O pior é ficar ouvindo ela me chamar de nojenta e fazer cara de quem vai vomitar. Nojenta é ela que não limpa direito os cantos da casa. Deixa cair migalhas no chão, esquece o prato sujo de comida em cima da pia de noite; isso sem falar que há anos não limpa a tal caixa de gordura que já deveria ter sido isolada. Eu estou fazendo o que a natureza mandou que eu fizesse. Não mato ninguém para me alimentar, só como restos. Ela sim, é que mata animais e plantas para sobreviver; come cadáver e se dá ao luxo de me chamar de nojenta. Essa coisa de ter medo e nojo de barata é mais cultural que biológico. Deveria ter nojo era dessas comidas de Fast-food que fica sobre os balcões, com todo mundo falando em cima, transmitindo seus vírus e bactérias diretamente nos alimentos, provocando muitas vezes infecções por botulismos etc. Muito mais mal faz é esse inseticida que ela está agora nas mãos, pulverizando por toda parte, porque não sabe onde eu me escondi. É que aproveitei, quando ela saiu para pegá-lo na área de serviço, e me mandei para a casa da vizinha, passando por debaixo da porta. Sei que meus dias estão contados mas, pelo menos, já deu tempo para eu deixar meus ovinhos bem grudadinhos embaixo das gavetas e armários com panelas mal-lavadas. Hihi!

Mulheres que atravessaram o século

Fazendo parte desta Coletânea  Por detrás de uma grande conquista existe uma grande história. Ao me deparar com uma foto da minha primeira C...