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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Hipótese da Avó.

Sob o ponto de vista da evolução biológica, o objetivo primordial da natureza é a reprodução e perpetuação das espécies, ou seja: o que interessa na biologia é a prole. Nesse caso, não faria sentido a fêmea sobreviver depois da idade reprodutiva, já que esta pára de passar seus gens para as novas gerações.
E por que sobrevivem após a menopausa?
De acordo com o artigo da Revista Ciência Hoje, de agosto de 2010, intitulado Menopausa: "Só orcas, baleias-piloto e humanos (e possivelmente alguns primatas), têm fêmeas que vivem depois da idade reprodutiva".
Resumidamente, segundo os autores Rufus Johnstone da Universidade de Cambridge, e Michael Cant da Universidade de Exeter, ambas do Reino Unido, testes genéticos mostram que no tempo em que os humanos eram forrageiros, mulheres costumavam ser transferidas para a família dos maridos, passando a viver entre parentes ajudando a cuidar da prole, netos e bisnetos.
No caso das baleias, as fêmeas que deixam seus grupos para acasalar passam o restante da vida entre um número crescente de parentes. Trabalhos mostram que as fêmeas de baleias mais jovens se benefeciam da ajuda das avós.
E o que isso tem a ver com humanos?
Johnstone e Cant dizem que esse comportamento não deve ser encarado como explicação final para a sobrevivência pós-menopausa, mas apenas uma similaridade entre primatas e baleias cujas estruturas sociais são muito díspares.
Então se as vovós sobrevivem após o período fértil, é para ajudar na criação da prole, sem a preocupação com a disputa sexual com as outras fêmeas mais jovens. Mas nos tempos atuais, com tanta tecnologia voltada para o anti-envelhecimento, não vemos vovós como antigamente. A genética só, não é suficiente; o estilo e modo de vida contam muito. Com o aumento da perspectiva de vida, já que não são baleias, querem mais é curtir a vida sem se preocupar com o futuro. Elas até podem ajudar, ou sustentar financeiramente filhos e netos, mas não querem se ocupar apenas disto. Querem mesmo é aproveitar a liberdade da aposentadoria das fraldas.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tchaikowsky, o ensimesmado

Resumo de uma pesquisa retirada da Coleção Grandes Compositores da Música Universal - Abril Cultural

Pyotr Ilitch Tchaikowsky, nascido a 07 de maio de 1840 na cidadezinha de Votkinsk, um grande centro industrial na Rússia, filho do engenheiro Ilia Petrovich Tchaikowsky e de Alexandra Andreievna, sonhava ser compositor e conquistar a glória. Tarefa árdua na Rússia daquela época em que a música era um passatempo de salão e ser compositor significava não ter uma profissão definida. Era o segundo dos cinco irmãos e o mais delicado de todos. Apegadísimo à mãe, com quem aprendeu a dedilhar o piano quando tinha apenas cinco anos. Em 1848, os Tchaikowsky mudaram-se para Moscou e dois anos depois para São Petersburgo, que era então a capital da cultura russa. Seus estudos musicais prosseguiram e o seu domínio no piano melhorava extraordinariamente, mas, por volta dessa época, seus pais matricularam-no em curso preparatório para a Faculdade de Direito. Não se sabe quanto tempo duraram esses preparatórios, cujo currículo era bastante variado, inclusive com aulas de canto coral, ministradas pelo maestro Lomakin, um professor de renome. Tchaikowsky, segundo consta, tirou deles muito bom proveito, classificando-se entre os primeiros colocados no vestibular para a Faculdade. Mas, o seu primeiro contato com a música de Mozart o impressionou muito mais que o êxito no vestibular, quando ouviu o "Don Giovani". A empolgação do rapaz fez de Mozart o seu ídolo.
Aos catorze anos de idade deparou-se com a tragédia da morte da mãe que ele amava profundamente, além do normal, uma paixão doentia. Já era introvertido e vivia problemas íntimos e melancolias sem motivo. Entrou em depressão, sentindo um vazio. Na verdade o vazio era a Faculdade de Direito, uma escola rígida e sombria, de regime militar onde os alunos viviam como soldados, sob a constante vigilância de monitores armados de chibatas. Em meio ao curso ficou sabendo que seu pai se arruinara financeiramente por causa de uma amante ambiciosa. Teria que arranjar um emprego. No dia 13 de maio de 1859 formou-se em Direito e no dia seguinte tornou-se funcionário do Ministério da Justiça. Escriturário, com pouco mais de 19 anos, poderia garantir para si um futuro confortável no funcionalismo público. Mas era uma criatura esquisita e não dava o menor valor ao cargo, redigindo sem o menor cuidado os documentos oficiais, atrasava o serviço e, até rasgava e mastigava, distraido, os requerimentos. Era inutilmente repreendido pelos seus superiores.
Como músico alcançou renome, e dispunha de recursos para levar uma existencia confortável mas, sempre ensimesmado e tristonho. Parecia não ter gosto pela vida, sempre insatisfeito. Passava longas horas trabalhando freneticamente, para depois sair e andar sem rumo até o anoitecer. Em 1885 Tchaikowsky comprou uma casa de campo ainda mais isolada na região de Klin.
Todavia, algum tempo depois, o compositor iniciou uma série de viagens pelas províncias da Russia, aplaudido entusiasticamente em cada cidade por onde passava. Mais tarde vieram excursões ao estrangeiro: seus concertos nos países da Europa e na América tiveram êxitos apoteóticos.
Mas o início da sua carreira foi árdua. As criações do jovem estudante, até então , haviam obtido apenas a indiferença do público. São Petersburgo era o núcleo central da cultura russa, porém Pyotr Ilitch Tchaikowsky não lamentou trocar a cidade onde se criara. O recém-fundado Conservatório Musical de Moscou lhe oferecia o cargo de professor de Harmonia e Composição que para ele constituia um estímulo reanimador. Chegou a Moscou em 1866 e ser professor era melhor que ser aluno. Um posto de prestígio que o mantinha em contato com músicos experientes como Kashkin, Albrecht,Klindworth, os quais também lecionavam no conservatório.
Morando em casa de Nicholas Rubinstein, organizador do Conservatório e a quem devia sua nova posição, enfrentava momentos difíceis devido ao temperamento explosivo do organizador quando se irritava com alguma coisa. Mas reconhecia que devia a este a divulgação de suas primeiras composições orquestrais, incluindo-as nos concertos da Sociedade Musical Russa onde o organizador era regente. O trabalho de professor ocupava a maior parte do tempo de Tchaikowsky, mas ele aproveitava todas as horas de folga para criar e compor suas músicas. Ainda em 1866 compôs a Abertura Festiva sobre o Hino Nacional Dinamarquês, para Orquestra, - catalogada depois como Opus 15.
Crítico severo de sua própria obra, ficou desesperadamente revoltado quando soube que a Abertura- Fantasia para a a Orquestra " Romeu e Julieta " havia sido vaiada em Viena e Paris.
Ficava em dúvidas e esquecia todo o reconhecimento que o público havia provado, todos os demais triunfos pareciam-lhe insignificantes. Apesar de abatido não se entregava, continuou compondo e lecionando. Ao receber uma carta, original, de uma viúva de 11 filhos e muito rica, Nadejda von Meck, sua admiradora fervorosa, oferecendo-lhe ajuda para que ele pudesse compor sem preocupação material, ficou incentivado e saiu do estado mórbido em que se encontrava. A relação entre ele e sua benfeitora era peculiar; apesar de morarem em Moscou nunca se encontravam, fazia parte do acordo. Apenas trocavam cartas e ela lhe enviava anualmente 6.000 rublos.
Comentários maledicentes circulavam a seu respeito devido ao seu temparamento misterioso e cheio de conflitos íntimos. Agindo por impulso e para por termo aos comentários, resolveu casar-se com a jovem Antonina Ivanovna Miliukova, que lhe assediava com cartas de admiração ilimitada. O casamento foi um desastre. Em companhia de seu irmão Anatole, refugiou-se nas cercanias dos lagos de Genebra, Suiça, para se recuperar da crise que quase o levou à insanidade.
Paradoxalmente, datam desta fase penosa de sua existência, as mais belas peças que escreveu.
Sempre que estava insatisfeito em algum lugar mudava-se. Relutava voltar à pátria. Mas em 1878 rumou para Kiev, buscando o recolhimento na quietude do campo. Isolado de todos, Tchaikowsky fez do piano seu companheiro constante. Em setembro de 1878 Tchaikowsky sentiu-se com coragem de voltar a Moscou e assumi de novo o seu posto no Conservatório, cujo clima já não era o mesmo (ou ele próprio estraria mudado), pareceu-lhe que a mediocridade e a vulgaridade floresciam na instituição. Depois de lecionar alguns meses, renunciou definitivamente ao cargo.
A morte de Nicholas Rubinstein em 1881 o deixou inconsolável. Para fugir da depressão Tchaikowsky dirigiu-se a Kamenka em busca de apoio de sua irmã, que ele amava muito e que sempre lhe dava apoio. Mas ela já se encontrava doente. Desorientado, viajou para Roma. Aí compôs O Trio em Lá Menor, Para Violino Violão Celo e Piano, Opus 50, que dedicaria a Rubinstein.
Viajou muito e fez grandes excursões internacionais. Em 1888 regeu concertos em Leipzig, Paris, Berlim, Praga, Hamburgo e Londres. Mas a glória não diminuiu o pessimismo nem a suscetibibilidade de Tchaikowsky. Outra decepção o abalou em janeiro de1890, quando o publico reagiu sem entusiasmo à primeira apresentação de " A Bela Adormecida", que ele considerava uma de suas melhores obras. Em outubro de 1890 recebeu uma carta da Sra Von Meck dizendo que encerraria a remessa da pensão. Agora seu protegido seria o jovem francês Claude Debussy que tocava músicas para ela e ensinava piano às suas duas filhas.
Ninguem sabe a reação que essa carta provocou a Tchaikowsky. Em início de 1891 ele rumou para os Estados Unidos, a fim de reger o concerto de inauguração do Carnegie Hall, algo sintomático como sempre acontecia quando ele estava decepcionado. Viajar era uma forma de deixar para trás o sofrimento, e buscar ânimo.
Em junho de 1893, na Inglaterra, a Universidade de Cambrige lhe conferiu o doutorado honorário por seu trabalho como compositor. De vários países faziam-lhe convites.
Tchaikowsky tinha composto uma nova sinfonia, a sexta, que seu irmão Modeste sugeriu o nome de "Patética", e nostalgicamente, o compositor quis apresentá-la em Moscou, estreada em 28 de outubro de 1893. Uma platéia fria ouviu com indiferença seguida pela crítica que não gostou daquela que era considerada por Tchaikowsky sua melhor obra.
Quinze dias depois, na cidade de Klin, Tchaikowsky adoeceu e com o passar dos dias mergulhou em profunda depressão e morreu de cólera, diagnosticada pelo Dr.Bertensan, em 6 de novembro de 1893.

Quem já teve o privilégio de assistir A Bela Adormecida e Lago dos Cisnes, não imagina, por mais absurdo que possa parecer hoje em dia, que suas estréias em 1890 e 1877 respectivamente, provocaram decepção no público da época.





terça-feira, 14 de setembro de 2010

Conhece seu vizinho?

texto de Darcy Brito

Se você respondeu que nem ao menos sabe o nome dele, não se orgulhe disto.
No artigo do professor de Filosofia, Rodrigo dos Santos Manzano, publicado na Revista Filosofia, nº 50 de Agosto de 2010, ele escreve "Reconhecer o próximo é parte essencial da própria percepção de si, já que o 'eu' só existe no contato com o outro, em um processo em que cada um se torna interdependente".
De acordo com o artigo os desejos egoistas, cada vez maiores, são frutos de uma época marcada pelo individualismo. Tais atitudes trazem consequências graves para a sociedade atual, como a violência, desestruturação nas relações familiares e nas relações amorosas. O culto ao "eu"é direito de cada um que busca a felicidade, mas, quando levado às últimas consequências faz com que os seres humanos afundem num individualismo desmedido e desregrado tornando-os cada vez mais embrutecidos diante dos dramas alheios. Diz ele: - para constituir nossa personalidade precisamos de algum contato com os outros. Nosso modo de pensar, de agir e até de sentir, urge de nossas relações sociais.
A dialética Hengeliana defende a idéia de que algo só toma consciência de si no contato com o externo.
O individualismo surge com a Modernidade, que intensificou a questão da posse, da obtenção por meio da compra, através do capitalismo, século XVII, e o industrial, século XVIII. O sociólogo alemão Georg Simmel (1858-1918) em seu texto O indivíduo e a liberdade, distingue o individualismo do século XVIII daquele do século XIX. O primeiro seria o individualismo quantitativo, do homem isolado, mas livre e responsável. Já o segundo, seria o individualismo qualitativo, aquele no qual a liberdade é uma forma de o individuo realizar-se em sua particularidade, ver-se como ser incomparável e singular.
" A solidão é o preço que temos que pagar por termos nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade, de independência e do nosso próprio egoísmo", SOSEKI NATSUME.
E o que dizer da frase de Jean Paul Sartre "O Inferno são os Outros"?

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