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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Ciclo do Nitrogênio


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Ciclo do Nitrogênio

As plantas requerem certo número de elementos além daqueles que obtêm diretamente da atmosfera (carbono e oxigênio sob a forma de dióxido de carbono) e da água do solo (hidrogênio e oxigênio).  
Todos estes elementos, com exceção de um, provêm da desintegração das rochas e são captados pelas plantas a partir do solo. A exceção é o nitrogênio, que representa 78% da atmosfera terrestre.  
As rochas da superfície terrestre constituam também a fonte primária de nitrogênio, este penetra no solo, indiretamente por meio da atmosfera, e, através do solo, penetra nas plantas que crescem sobre ele. 
A maioria dos seres vivos é incapaz de utilizar o nitrogênio atmosférico para sintetizar proteínas e outras substâncias orgânicas. Ao contrário do carbono e do oxigênio, o nitrogênio é muito pouco reativo do ponto de vista químico, e apenas certas bactérias e algas azuis possuem a capacidade altamente especializada de assimilar o nitrogênio da atmosfera e convertê-lo numa forma que pode ser usada pelas células.  A deficiência de nitrogênio utilizável constitui muitas vezes, o principal fator limitante do crescimento vegetal.
O processo pelo qual o nitrogênio circula através das plantas e do solo pela ação de organismos vivos é conhecido como ciclo do nitrogênio.

Amonificação

Grande parte do nitrogênio encontrado  no solo provém de materiais orgânicos mortos, nos quais existe sob a forma de compostos orgânicos complexos, tais como proteínas, aminoácidos, ácidos nucleicos e nucleótides.  Entretanto, estes compostos nitrogenados são, em geral, rapidamente decompostos em substâncias mais simples por organismos que vivem nos solos.  
As bactérias saprófitas e várias espécies de fungos são os principais responsáveis pela decomposição de materiais orgânicos mortos.  Estes microrganismos utilizam as proteínas e os aminoácidos como fonte para suas próprias proteínas e liberam o excesso de nitrogênio sob a forma de amônio (NH4+).  Este processo é denominado amonificação.  O nitrogênio pode ser fornecido sob a forma de gás amoníaco (NH3), mas este processo ocorre geralmente apenas durante a decomposição de grandes quantidades de materiais ricos em nitrogênio, como numa grande porção de adubo ou fertilizante.  Em geral, a amônia produzida por amonificação é dissolvida na água do solo, onde se combina a prótons para formar o íon amônio.

Nitrificação

Várias espécies de bactérias comumente encontradas nos solos são capazes de oxidar a amônia ou amônio.  A oxidação do amoníaco, conhecida como nitrificação, é um processo que produz energia e a energia liberada é utilizada por estas bactérias para reduzir o dióxido de carbono, da mesma forma que as plantas autotróficas utilizam a energia luminosa para a redução do dióxido de carbono.  Tais organismos são conhecidos como autotróficos quimiossintéticos (diferentes dos autotróficos fotossintéticos, como as plantas e as algas).  As bactérias nitrificantes quimiossintéticas Nitrosomonas e Nitrosococcus oxidam o amoníaco dando nitrito (NO2-):
2 NH3 + 3O2  -------->  2 NO2- + 2 H+ + 2 H2O
   (gás amoníaco)                (nitrito)
O nitrito é tóxico para as plantas superiores, mas raramente se acumula no solo.  Nitrobacter, outro gênero de bactéria, oxida o nitrito, formando nitrato (NO3-), novamente com liberação de energia:
2 NO2-  + O2  --------->  2 NO3-
   (nitrito)                          (nitrato)
O nitrato é a forma sob a qual quase todo o nitrogênio se move do solo para o interior das raízes. 
Poucas espécies vegetais são capazes de utilizar proteínas animais como fonte de nitrogênio.  Estas espécies, que compreendem as plantas carnívoras, possuem adaptações especiais utilizadas para atrair e capturar pequenos animais.  Digerem-se, absorvendo os compostos nitrogenados e outros compostos orgânicos e minerais, tais como potássio e fosfato.  As plantas carnívoras em sua maioria são encontradas em pântanos, que são em geral fortemente ácidos e, portanto, desfavoráveis ao crescimento de bactérias nitrificantes. 

Perda de nitrogênio

Conforme observamos, os compostos nitrogenados das plantas clorofiladas retornam ao solo com a morte das mesmas (ou dos animais que delas se alimentaram), sendo reprocessados pelos organismos e microrganismos do solo, absorvidos pelas raízes sob a forma de nitrato dissolvido na água do solo e reconvertidos em compostos orgânicos.  Durante o decorrer deste ciclo verifica-se sempre uma “perda” de certa quantidade de nitrogênio, no sentido de se tornar inutilizável para a planta.
Uma das principais causas desta perda de nitrogênio é a remoção de plantas do solo.  Os solos cultivados exibem frequentemente um declínio constante no conteúdo de nitrogênio. O nitrogênio pode ser também perdido quando a parte superficial do solo é decapitada pela erosão ou quando sua superfície é destruída pelo fogo.  O nitrogênio é também removido pela lixiviação; os nitratos e nitritos, que são anions, mostram-se particularmente suscetíveis à lixiviação pela água que se infiltra através do solo.  Em alguns solos, bactérias desnitrificantes decompõem os nitratos e liberam nitrogênio para o ar.  Este processo que fornece à bactéria o oxigênio necessário para a respiração é dispendioso em termos de necessidades energéticas (isto é, o O2 pode ser reduzido mais rapidamente que o NO3-) e ocorre extensamente apenas nos solos com deficiência de oxigênio, isto é, nos solos que são mal drenados e, portanto, pobremente arejados.
Algumas vezes, uma alta proporção do nitrogênio presente no solo não é disponível para as plantas.  Esta imobilização ocorre quando existe excesso de carbono.  Quando substâncias orgânicas ricas em carbono, mas pobres em nitrogênio, a palha é um bom exemplo, se encontram em abundância no solo, os microrganismos que atacam estas substâncias precisarão de mais nitrogênio do que contêm a fim de utilizar totalmente o carbono presente.  Em consequência, não utilizarão apenas o nitrogênio presente na palha ou material semelhante, mas também todos os sais de nitrogênio disponíveis no solo.  Consequentemente, este desequilíbrio tende a normalizar-se à medida que o carbono é fornecido sob a forma de dióxido de carbono pela respiração microbiana, e à medida que aumenta a proporção entre nitrogênio e carbono no solo.

Fixação do nitrogênio 

 Conforme podemos ver, se todo o nitrogênio que é removido do solo não fosse constantemente reposto, praticamente doa a vida neste planeta desapareceria finalmente.  O nitrogênio é reabastecido no solo pela fixação do nitrogênio.  A fixação do nitrogênio é o processo pelo qual o nitrogênio gasoso do ar é incorporado em compostos orgânicos nitrogenados e, assim, introduzido no ciclo do nitrogênio.  A fixação deste gás, que pode ser efetuada, em graus apreciáveis, por apenas algumas bactérias e algas azuis, é um processo do qual dependem atualmente todos os organismos vivos, da mesma forma que todos eles dependem, em última análise, da fotossíntese para a obtenção de energia.
 Uma a duas centenas de milhões de toneladas métricas de nitrogênio são acrescentadas à superfície terrestre a cada ano pelos sistemas biológicos.  O homem produz 28 milhões de toneladas métricas, cuja maior parte é utilizada como fertilizantes; no entanto, este processo é efetuado com alto custo energético em termos de combustíveis fôsseis.  A quantidade total de energia necessária para a produção de fertilizantes de amônio é atualmente estimada como equivalente a 2 milhões de barris de óleo por dia.  De fato, calcula-se que os custos da fertilização com nitrogênio estão atingindo o ponto de lucros decrescentes.  As culturas tradicionais em áreas tais como a Índia não atingem uma produção significativamente aumentada com a utilização de fertilizantes com nitrogênio, tendo baixas necessidades deste elemento, mas estão sendo atualmente substituídas por “cereais milagrosos” e outras culturas que não produzem mais com fertilização com nitrogênio - justamente numa época em que tal tratamento está se tornando proibitivamentedispendioso.
 Das várias classes de organismos fixadores de nitrogênio, as bactérias simbióticas são, incomparavelmente, as mais importantes em termos de quantidades totais de nitrogênio fixado.  A mais comum das bactérias fixadoras de nitrogênio é Rhizobium, que é um tipo de bactéria que invade as raízes de leguminosas (angiospermas da família Fabaceae ou Leguminosae), tais como trevo, ervilha, feijão, ervilhaca e alfafa.
Os efeitos benéficos das leguminosas sobre o solo são tão óbvios que foram reconhecidos há centenas de anos.  Teofrasto, que viveu no terceiro século a.C. escreveu que os gregos utilizavam culturas de feijão para enriquecer os solos.  Nos locais em que as leguminosas crescem, certa quantidade de nitrogênio “extra” pode ser liberada para o solo, onde se torna disponível para outras plantas.  Na agricultura moderna constitui prática comum alternar uma cultura não leguminosa, como o milho, com uma leguminosa, como a alfafa.  As leguminosas são então colhidas para feno deixando as raízes ricas em nitrogênio, ou ainda melhor, são aradas novamente no campo.  Uma boa colheita de alfafa, que é recolocada no solo, pode fornecer  450 quilogramas de nitrogênio por hectare.  A aplicação dos elementos vestigiais, cobalto e molibdênio, exigidos pelas bactérias simbióticas, incrementa grandemente a produção de nitrogênio se estes elementos estiverem presentes em quantidades limitantes, como em grande parte da Austrália.

Microrganismos fixadores de nitrogênio de vida livre 

As bactérias não simbióticas dos gêneros Azotobacter e Clostridium são capazes de fixar o nitrogênio.  Azotobacter é aeróbico, ao passo que Clostridium é anaeróbico; ambas são bactérias saprófitas comuns encontradas no solo.  Calcula-se que elas fornecem provavelmente cerca de 7 quilogramas de nitrogênio por hectare de solo por ano.  Outro grupo importante inclui muitas bactérias fotossintéticas.  As algas azuis de vida livre desempenham também um papel importante na fixação do nitrogênio.  São cruciais para o cultivo do arroz, que constitui a principal dieta de mais da metade da população mundial.  As algas azuis podem desempenhar também um importante papel ecológico na fixação do nitrogênio nos oceanos.  
A distinção entre fixação do nitrogênio por organismos de vida livre e simbióticos pode não ser tão rigorosa como se pensava tradicionalmente.  Alguns micróbios ocorrem regularmente no solo, ao redor das raízes de certas plantas que eliminam carboidratos, consumindo estes compostos e, ao mesmo tempo, fornecendo indiretamente nitrogênio para as plantas.  As associações simbióticas entre bactérias normalmente de vida livre, como Azotobacter, e as células de plantas superiores em culturas de tecido induziram seu crescimento num meio artificial carente de nitrogênio.







 Como referenciar: "Ciclo do Nitrogênio" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2019. Consultado em 06/10/2019 às 22:32. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ar/nitrogenio.php


sábado, 5 de outubro de 2019

Ainda há tempo para a Gratidão.

Ainda há tempo para a Gratidão.

Mini Conto

Darcy Brito

Todos estão presentes? Podemos começar a festa?
Não. Está faltando o agregado, ele disse que vai se atrasar para a festa.
E disse o motivo?
Não. Mas falou que se quiserem podem começar sem a sua presença.
Mas que ingrato!
Eu não posso esperar
Eu também não.
Então gente, fazer o que? Começo ou não começo?
A festa é sua, então comece . Seus filhos estão presentes, é o que importa. Se ele quisesse participar já estaria  aqui.
Depois  se queixa que nunca o chamam pra nada só porque é agregado!
São desculpas. Gosta de se fazer de vítima.
Nem vou ficar para os parabéns. Depois como do bolo
Eu também.
Bem filhos, agradeço a presença de vocês e ....
Oba, oba, cheguei!  Me atrasei porque estava procurando as mais lindas rosas que pudessem expressar toda minha gratidão a  uma criatura que, muitas vezes, mesmo não sendo minha mãe, cantou as mais belas canções de ninar para eu  dormir quando ficava inquieto.
E elas não foram em vão. Seja bem vinda a gratidão.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Lembranças de um Baile de 15 anos - Mini Conto


Lembranças de um Baile de 15 anos.
Mini Conto

Darcy Brito


Deinha, recostada na rede da varanda, rememorava um tempo muito gostoso da sua juventude:
Era década de 50. Anete, sua prima, havia se arrumado como uma princesa no dia dos seus quinze anos e nada iria tirar a sua alegria. Seu vestido branco de organza bordada e saia volante era de dar inveja às amiguinhas do seu bairro. Ela se aprontara mais cedo para buscar a tiara emprestada na casa de Deinha, aproveitando para irem juntas à festa. O baile seria no grande salão do casarão do velho professor Isidoro, que ensaiava as valsas com as meninas e meninos do bairro, nas suas aulas de teatro e dança.
A rua onde morava ainda não tinha asfalto e quando chovia formava umas poças d’água enlameadas. Uma rua muito comprida, contornando a igreja e retornando ao mesmo ponto inicial. Apesar da advertência de sua mãe para ter cuidado com a lama, Arlete não pode escapar da “tragédia” que lhe aguardava. Ao passar por uns garotos, que ela costumava esnobar, viu de repente seu lindo vestido todo lambuzado. 
- Moleques despeitados – gritava Anete, chorando na casa da prima Deinha – Eles atiraram uma pedra grande na poça de lama bem na hora que eu ia passando!
- Oh, Deus! Lamentava a prima. E agora?
- Temos que dar um jeito, - dizia enxugando as lágrimas. Vamos lavar antes que minha mãe veja. Organza é fácil de secar no ferro de engomar.
- Mas não tem brasa para esquentar o ferro – falava a prima, aflita, olhando para a preta , que torcia a boca dizendo: - Nem mi ói. Essa lama só sai no môio
- Vou chamar minha avó, Anete. Ela sempre dá um jeitinho.
- Vem cá minha filha – disse a avó preocupada. Abra a roda do vestido aqui em cima da mesa que eu vou passar um pano limpo e molhado. Ainda bem que foi só a saia, mas não garanto nada.
- Se eu soubesse que isso iria acontecer não teria vindo, mas não ouvi minha mãe!
- Fique calma prima, vou ao sótão buscar a tiara para lhe emprestar, você vai ficar linda – disse Deinha.
- Nossa, minha filha, foi pior a emenda que o soneto. Ficou amarelo – disse a avó aflita.
- Amarelo e molhado, vou vestir o outro que minha madrinha me deu de presente. É bonito, apesar de vermelho, e eu queria branco. - Vou com você prima e xingo aqueles moleques. Eles estão com raiva porque não foram convidados. Pixotes metidos a homens.
- Mas, tenha cuidado, Deinha, eles podem sujar seu vestido e você não tem outro – disse a avó.
A festa da prima debutante teve até orquestra improvisada pelo professor Isidoro. Todas as moças com seus pares. Menos Deinha. É que, ao tomar as dores da prima ela xingou os meninos da poça, de ”moleques despeitados”, sem reparar que no meio estava o seu par na valsa, o qual muito escabreado, e com raiva, decidiu que não iria ao baile. 
Enquanto as meninas ajeitavam as anáguas para que ficassem bem arrumadas, Deinha, sem entender a ausência, olhava pela janela, e nada do seu par. Nesse momento, um rapaz de outro bairro, estava tentando penetrar na festa e pulou o muro. Ela o viu, mas, não o denunciou; em vez disso se dirigiu a ele fingindo conhecê-lo para que o tio não criasse problema e, muito afetada, o convidou para a valsa. Muitas fotos foram tiradas, inclusive a de Deinha com o penetra.
O que o destino reservou para Deinha contarei a diante.
Durante muito tempo aquelas poças de lama compôs o cenário da Rua do Amparo. Quando secas, a poeira fazia um redemoinho causado pelo vento. O pai de Deinha, que gostava de usar terno branco de linho vivia reclamando da sujeira que acumulava na bainha de suas calças. A situação melhorou um pouco quando surgiu a Marinete, uma condução parecida com um lotação. Havia o bonde, mas este só viajava até o largo, antes da baixada, onde moravam as primas. O aparecimento da marinete foi uma festa. A garotada saía atrás correndo tentando alcançá-la e pongando no pára-choque traseiro. O asfalto só chegou algum tempo depois.
Moravam nessa rua pessoas das mais diferentes classes sociais. Do engenheiro ao pedreiro, do advogado ao escrivão; médico, professor, sapateiro, costureira, alfaiate, padeiro, comerciantes, guarda de polícia, cartomantes, espíritas. Destacava-se ali uma personagem que marcou época na rua, uma negona alegre conhecida como Fiúta. Ninguém nunca soube se era esse o seu verdadeiro nome, mas todos a conheciam porque era ela quem dava as notícias mais frescas num tempo sem televisão. Muito risonha, apesar de lhe faltarem dois dentes na parte superior da arcada dentária.  O vestido mais curto na frente, devido à barriga, lhe dava um aspecto de eternamente grávida.
Foi Fiúta quem espalhou uma notícia que deixou Anete muito aborrecida. Sem nenhuma certeza, falou para os quatro cantos que a menina ia casar “a pulso”, ou seja, o namorado a tirou de casa, ou, fez mal à pobrezinha, desonrou-a. Eram os termos usados na época para definir uma moça que não era mais virgem. Chegou até ao absurdo de falar que a mãe a encontrou numa poça de sangue. Se fora verdade ou mentira não deu para saber, mas o fato é que Anete casou-se de uma hora para outra com apenas dezessete anos. As amigas se esquivavam de sua companhia por ordem das mães que a achavam uma má influência. O mais incrível é que foi justamente o penetra da festa de seus quinze anos o responsável ou irresponsável pelo episódio nupcial. Após dançar a valsa com a prima Deinha, ele foi convidado, pelo pai da aniversariante, a dançar com dona da festa. O penetra tinha uma cara de bom moço, sabia disfarçar e seduzir as mocinhas casadoiras. Deinha estava arreada aos “quatro pneus” por ele, segundo ela havia confessado para a prima Anete. Esta por sua vez, para não decepcionar a prima, escondeu sua paixão pelo penetra. É ai que começa o triângulo amoroso, onde a base não era nada sólida. Ele namorava as duas ao mesmo tempo sem que a sonhadora Deinha percebesse. Anete, mais arisca, o levou para a sua casa a fim de mostrar-lhe o novo LP do argentino Gregório Barrios cantando boleros, numa tarde em que sua mãe foi comprar tecidos nas lojas Duas Américas, na Rua Chile. Esse detalhe foi relatado também por Fiúta, que costumava engomar e passar roupa para a mãe de Anete. Deinha era um ano mais nova que a prima Anete e estudava em turno oposto da outra, o que facilitava a infidelidade do penetra que ia buscar uma ao meio dia e a outra às cinco e trinta. Ele estudava eletro-mecânica, na escola de segundo grau, no bairro de Nazaré, onde os rapazes eram tidos como inteligentes e também ousados, porque mexiam com todas as meninas que passavam na porta da escola. 
Quando a notícia correu de boca em boca, Deinha foi a última a saber e tentou cortar os pulsos na frente do namorado que a impediu do ato e jurou ter sido fofoca, mas Deinha nem quis apurar nada,  terminou o namoro e não foi ao casamento da prima Anete.
Depois de alguns anos, revendo as fotos de seus quinze anos, Anete teve vontade de rever a prima, que já estava casada com um ex -colega do penetra. As duas se encontraram sem ressentimentos, mas aí aconteceu o inesperado, ou, quem sabe, o esperado. A paixão antiga, que é como navio submerso, provocou borbulhas que escaparam até à superfície. Como disfarce, o penetra tentou relembrar o dia do baile em que ele pulou o muro cheio de medo que houvesse cachorro solto. Ali também Fiúta teve participação. Segundo ele mesmo contou, Fiúta, que ele descrevia como uma negona simpática e estava em todas as festas ajudando em alguma coisa, ficou olhando para que ninguém notasse e deu o sinal positivo para que ele pulasse o muro. 
Voltando às borbulhas de amor, que na época não pertencia ao cantor Raimundo Fagner, houve arrepios por todos os sentidos dos ex-apaixonados. Daí em diante ninguém segurava os dois. Segundo as más línguas, Deinha havia segredado a uma amiga que iria revidar, mas essa fofoca tinha aroma de Fiúta. Contam que os dois se encontravam nas matinês do Cine Guarany no meio da semana. A verdade é que o penetra estava sempre visitando o ex-colega com ou sem Anete. Elas já não moravam tão próximas como na rua do Amparo. Deinha estava em Brotas e Anete no Campo da Pólvora, numa época em que não havia engarrafamentos de carros e era comum a visitação aos amigos.
As mães das duas continuavam morando no mesmo lugar e as primas se encontravam nos aniversários, das tias e dos pais, que eram sempre festejados com muita alegria. Um dia, Anete observando os dois, Deinha, e o marido penetra, escolhendo um LP para colocar na radiola, percebeu um certo clima, quando a música começou a tocar, era o mesmo cantor dos tempos de namoro, Gregório Barrios cantando El dia que me Quieras. Gato do que usa cuida, pensou ela, que não era nada boba. 
- Gostei da escolha, disse Anete segurando o marido pelo braço.
- A radiola estava apresentando um defeito, não repetia o disco quando acionada, então, eu chamei o técnico e ele pilheriou perguntando para que repetir um disco tão grande - falou Deinha meio sem graça.
- Boa pergunta- falou Anete.
- É que não tenho, ainda, muitos discos, a radiola é nova.
- E muito bonita- falou desconfiado o marido de Anete - a combinação das cores marfim com vinho, na portinha, me agrada muito.
- E o que mais lhe agrada querido? Perguntou Anete olhando para a prima.
- Veremos depois do jantar, completou Deinha puxando os dois para a mesa que já estava servida.
Essas lembranças, que Deinha tinha do tempo em que morou na Rua do Amparo, eram freqüentes, gostava também de relembrar passagens engraçadas que acontecia no seu antigo bairro.
Numa ocasião, sem querer, Deinha deixou escapar o apelido de um morador que era conhecido como o “Feião, sem que o próprio soubesse da alcunha. Feião prestava pequenos serviços e costumava encerar o chão com Cera Parquetina vermelha e passar escovão no assoalho da casa da mãe dela. Ao cumprimentá-lo, na passagem, ela o saudou com um “Olá Feião”! 
- Olá, menina, você me acha feio? Perguntou ajeitando o cabelo.
- Não, por quê? Falou Deinha sem jeito.
- Você disse feião.
- Eu? Tentou consertar e disse: falei filhão.
- Mas eu tenho idade de ser seu pai, menina.
Na verdade a casa de Feião era conhecida como a casa dos feiões, por serem eles muito feios, de tez áspera e avermelhada, queixo proeminente e cabelo ralo e crespo. As mulheres tinham busto bem grande e nádegas batida como tábua, chulada como diziam. Mas apelidos como esses surgiam não se sabe de onde. Tinha também o Orelhinha, com a orelha costurada, dizem que de nascença. Esse sabia do apelido e até se identificava como tal, quando mandava cobrar algo: “Diga que foi Orelhinha quem mandou por conta do serviço”. Outro curioso era o Bocade Caçapa, baixinho, boca grande com um papo abaixo do queixo, esmurrava quem o chamasse pelo apelido, por isso estava sempre brigando e fazendo queixas aos pais dos meninos provocadores. Um dia, dois marmanjões tentaram botar uma bola de bilhar na boca do coitado e fizeram uma aposta: se a bola coubesse, ele, o Boca, ganharia dez mil cruzeiros, hoje não se sabe o valor desse dinheiro corrigido em reais. Claro que a bola não coube na boca coitado
Muito querido era o Cotó. Com seu bracinho cotó ele participava das quermesses de igrejas, queima de Judas, quebra-pote, mordida da maçã amanteigada, e sempre ganhando as competições. 
Bem, mas Deinha nunca esquecera o penetra. No episódio da radiola, depois do jantar, Anete puxou o assunto do baile e o vestido sujo de lama. O penetra por sua vez falou do medo que teve ao pular o muro enquanto Fiúta, que Deus a tenha, olhava ao redor. “Que bom que Deinha me viu e fez de conta que me conhecia”, falou desconfiado olhando para Anete que sempre teve ciúmes da prima. 
O cenário da Rua do Amparo e o cheiro do betume, do primeiro asfalto, sempre levam Deinha a devaneios. Quando ela pisou pela primeira vez no asfalto, ainda meio mole, teve o solado de seu sapatinho de verniz, que na época dizia-se de “oleado”, preso no chão. O sapato ficou perdido, não na lembrança, que costuma habitar seus sonhos sempre que ela quer refugiar-se em algum lugar do passado. 
Todas essas lembranças aqui contadas vieram à tona porque Deinha tinha lido no obituário do jornal a morte do Penetra.






Lembranças de um Baile de 15 anos.


Deinha, recostada na rede da varanda, rememorava um tempo muito gostoso da sua juventude:
Era década de 50. Anete, sua prima, havia se arrumado como uma princesa no dia dos seus quinze anos e nada iria tirar a sua alegria. Seu vestido branco de organza bordada e saia volante era de dar inveja às amiguinhas do seu bairro. Ela se aprontara mais cedo para buscar a tiara emprestada na casa de Deinha, aproveitando para irem juntas à festa. O baile seria no grande salão do casarão do velho professor Isidoro, que ensaiava as valsas com as meninas e meninos do bairro, nas suas aulas de teatro e dança.
A rua onde morava ainda não tinha asfalto e quando chovia formava umas poças d’água enlameadas. Uma rua muito comprida, contornando a igreja e retornando ao mesmo ponto inicial. Apesar da advertência de sua mãe para ter cuidado com a lama, Arlete não pode escapar da “tragédia” que lhe aguardava. Ao passar por uns garotos, que ela costumava esnobar, viu de repente seu lindo vestido todo lambuzado. 
- Moleques despeitados – gritava Anete, chorando na casa da prima Deinha – Eles atiraram uma pedra grande na poça de lama bem na hora que eu ia passando!
- Oh, Deus! Lamentava a prima. E agora?
- Temos que dar um jeito, - dizia enxugando as lágrimas. Vamos lavar antes que minha mãe veja. Organza é fácil de secar no ferro de engomar.
- Mas não tem brasa para esquentar o ferro – falava a prima, aflita, olhando para a preta , que torcia a boca dizendo: - Nem mi ói. Essa lama só sai no môio
- Vou chamar minha avó, Anete. Ela sempre dá um jeitinho.
- Vem cá minha filha – disse a avó preocupada. Abra a roda do vestido aqui em cima da mesa que eu vou passar um pano limpo e molhado. Ainda bem que foi só a saia, mas não garanto nada.
- Se eu soubesse que isso iria acontecer não teria vindo, mas não ouvi minha mãe!
- Fique calma prima, vou ao sótão buscar a tiara para lhe emprestar, você vai ficar linda – disse Deinha.
- Nossa, minha filha, foi pior a emenda que o soneto. Ficou amarelo – disse a avó aflita.
- Amarelo e molhado, vou vestir o outro que minha madrinha me deu de presente. É bonito, apesar de vermelho, e eu queria branco. - Vou com você prima e xingo aqueles moleques. Eles estão com raiva porque não foram convidados. Pixotes metidos a homens.
- Mas, tenha cuidado, Deinha, eles podem sujar seu vestido e você não tem outro – disse a avó.
A festa da prima debutante teve até orquestra improvisada pelo professor Isidoro. Todas as moças com seus pares. Menos Deinha. É que, ao tomar as dores da prima ela xingou os meninos da poça, de ”moleques despeitados”, sem reparar que no meio estava o seu par na valsa, o qual muito escabreado, e com raiva, decidiu que não iria ao baile. 
Enquanto as meninas ajeitavam as anáguas para que ficassem bem arrumadas, Deinha, sem entender a ausência, olhava pela janela, e nada do seu par. Nesse momento, um rapaz de outro bairro, estava tentando penetrar na festa e pulou o muro. Ela o viu, mas, não o denunciou; em vez disso se dirigiu a ele fingindo conhecê-lo para que o tio não criasse problema e, muito afetada, o convidou para a valsa. Muitas fotos foram tiradas, inclusive a de Deinha com o penetra.
O que o destino reservou para Deinha contarei a diante.
Durante muito tempo aquelas poças de lama compôs o cenário da Rua do Amparo. Quando secas, a poeira fazia um redemoinho causado pelo vento. O pai de Deinha, que gostava de usar terno branco de linho vivia reclamando da sujeira que acumulava na bainha de suas calças. A situação melhorou um pouco quando surgiu a marinete, uma condução parecida com um lotação. Havia o bonde, mas este só viajava até o largo, antes da baixada, onde moravam as primas. O aparecimento da marinete foi uma festa. A garotada saía atrás correndo tentando alcançá-la e pongando no pára-choque traseiro. O asfalto só chegou algum tempo depois.
Moravam nessa rua pessoas das mais diferentes classes sociais. Do engenheiro ao pedreiro, do advogado ao escrivão; médico, professor, sapateiro, costureira, alfaiate, padeiro, comerciantes, guarda de polícia, cartomantes, espíritas. Destacava-se ali uma personagem que marcou época na rua, uma negona alegre conhecida como Fiúta. Ninguém nunca soube se era esse o seu verdadeiro nome, mas todos a conheciam porque era ela quem dava as notícias mais frescas num tempo sem televisão. Muito risonha, apesar de lhe faltarem dois dentes na parte superior da arcada dentária.  O vestido mais curto na frente, devido à barriga, lhe dava um aspecto de eternamente grávida.
Foi Fiúta quem espalhou uma notícia que deixou Anete muito aborrecida. Sem nenhuma certeza, falou para os quatro cantos que a menina ia casar “a pulso”, ou seja, o namorado a tirou de casa, ou, fez mal à pobrezinha, desonrou-a. Eram os termos usados na época para definir uma moça que não era mais virgem. Chegou até ao absurdo de falar que a mãe a encontrou numa poça de sangue. Se fora verdade ou mentira não deu para saber, mas o fato é que Anete casou-se de uma hora para outra com apenas dezessete anos. As amigas se esquivavam de sua companhia por ordem das mães que a achavam uma má influência. O mais incrível é que foi justamente o penetra da festa de seus quinze anos o responsável ou irresponsável pelo episódio nupcial. Após dançar a valsa com a prima Deinha, ele foi convidado, pelo pai da aniversariante, a dançar com dona da festa. O penetra tinha uma cara de bom moço, sabia disfarçar e seduzir as mocinhas casadoiras. Deinha estava arreada aos “quatro pneus” por ele, segundo ela havia confessado para a prima Anete. Esta por sua vez, para não decepcionar a prima, escondeu sua paixão pelo penetra. É ai que começa o triângulo amoroso, onde a base não era nada sólida. Ele namorava as duas ao mesmo tempo sem que a sonhadora Deinhapercebesse. Anete, mais arisca, o levou para a sua casa a fim de mostrar-lhe o novo LP do argentino Gregório Barrios cantando boleros, numa tarde em que sua mãe foi comprar tecidos nas lojas Duas Américas, na Rua Chile. Esse detalhe foi relatado também por Fiúta, que costumava engomar e passar roupa para a mãe de Anete. Deinha era um ano mais nova que a prima Anete e estudava em turno oposto da outra, o que facilitava a infidelidade do penetra que ia buscar uma ao meio dia e a outra às cinco e trinta. Ele estudava eletro-mecânica, na escola de segundo grau, no bairro de Nazaré, onde os rapazes eram tidos como inteligentes e também ousados, porque mexiam com todas as meninas que passavam na porta da escola. 
Quando a notícia correu de boca em boca, Deinha foi a última a saber e tentou cortar os pulsos na frente do namorado que a impediu do ato e jurou ter sido fofoca, mas Deinha nem quis apurar nada,  terminou o namoro e não foi ao casamento da prima Anete.
Depois de alguns anos, revendo as fotos de seus quinze anos, Anete teve vontade de rever a prima, que já estava casada com um ex -colega do penetra. As duas se encontraram sem ressentimentos, mas aí aconteceu o inesperado, ou, quem sabe, o esperado. A paixão antiga, que é como navio submerso, provocou borbulhas que escaparam até à superfície. Como disfarce, o penetra tentou relembrar o dia do baile em que ele pulou o muro cheio de medo que houvesse cachorro solto. Ali também Fiúta teve participação. Segundo ele mesmo contou, Fiúta, que ele descrevia como uma negona simpática e estava em todas as festas ajudando em alguma coisa, ficou olhando para que ninguém notasse e deu o sinal positivo para que ele pulasse o muro. 
Voltando às borbulhas de amor, que na época não pertencia ao cantor Raimundo Fagner, houve arrepios por todos os sentidos dos ex-apaixonados. Daí em diante ninguém segurava os dois. Segundo as más línguas, Deinha havia segredado a uma amiga que iria revidar, mas essa fofoca tinha aroma de Fiúta. Contam que os dois se encontravam nas matinês do Cine Guarany no meio da semana. A verdade é que o penetra estava sempre visitando o ex-colega com ou sem Anete. Elas já não moravam tão próximas como na rua do Amparo. Deinha estava em Brotas e Anete no Campo da Pólvora, numa época em que não havia engarrafamentos de carros e era comum a visitação aos amigos.
As mães das duas continuavam morando no mesmo lugar e as primas se encontravam nos aniversários, das tias e dos pais, que eram sempre festejados com muita alegria. Um dia, Anete observando os dois, Deinha, e o marido penetra, escolhendo um LP para colocar na radiola, percebeu um certo clima, quando a música começou a tocar, era o mesmo cantor dos tempos de namoro, Gregório Barrios cantando El dia que me Quieras. Gato do que usa cuida, pensou ela, que não era nada boba. 
- Gostei da escolha, disse Anete segurando o marido pelo braço.
- A radiola estava apresentando um defeito, não repetia o disco quando acionada, então, eu chamei o técnico e ele pilheriou perguntando para que repetir um disco tão grande - falou Deinha meio sem graça.
- Boa pergunta- falou Anete.
- É que não tenho, ainda, muitos discos, a radiola é nova.
- E muito bonita- falou desconfiado o marido de Anete - a combinação das cores marfim com vinho, na portinha, me agrada muito.
- E o que mais lhe agrada querido? Perguntou Anete olhando para a prima.
- Veremos depois do jantar, completou Deinha puxando os dois para a mesa que já estava servida.
Essas lembranças, que Deinha tinha do tempo em que morou na Rua do Amparo, eram freqüentes, gostava também de relembrar passagens engraçadas que acontecia no seu antigo bairro.
Numa ocasião, sem querer, Deinha deixou escapar o apelido de um morador que era conhecido como o “Feião, sem que o próprio soubesse da alcunha. Feião prestava pequenos serviços e costumava encerar o chão com Cera Parquetina vermelha e passar escovão no assoalho da casa da mãe dela. Ao cumprimentá-lo, na passagem, ela o saudou com um “Olá Feião”! 
- Olá, menina, você me acha feio? Perguntou ajeitando o cabelo.
- Não, por quê? Falou Deinha sem jeito.
- Você disse feião.
- Eu? Tentou consertar e disse: falei filhão.
- Mas eu tenho idade de ser seu pai, menina.
Na verdade a casa de Feião era conhecida como a casa dos feiões, por serem eles muito feios, de tez áspera e avermelhada, queixo proeminente e cabelo ralo e crespo. As mulheres tinham busto bem grande e nádegas batida como tábua, chulada como diziam. Mas apelidos como esses surgiam não se sabe de onde. Tinha também o Orelhinha, com a orelha costurada, dizem que de nascença. Esse sabia do apelido e até se identificava como tal, quando mandava cobrando algo: “Diga que foi Orelhinha quem mandou por conta do serviço”. Outro curioso era o Bocade Caçapa, baixinho, boca grande com um papo abaixo do queixo, esmurrava quem o chamasse pelo apelido, por isso estava sempre brigando e fazendo queixas aos pais dos meninos provocadores. Um dia, dois marmanjões tentaram botar uma bola de bilhar na boca do coitado e fizeram uma aposta: se a bola coubesse, ele, o Boca, ganharia dez mil cruzeiros, hoje não se sabe o valor desse dinheiro corrigido em reais. Claro que a bola não coube na boca coitado
Muito querido era o Cotó. Com seu bracinho cotó ele participava das quermesses de igrejas, queima de Judas, quebra-pote, mordida da maçã amanteigada, e sempre ganhando as competições. 
Bem, mas Deinha nunca esquecera o penetra. No episódio da radiola, depois do jantar, Anete puxou o assunto do baile e o vestido sujo de lama. O penetra por sua vez falou do medo que teve ao pular o muro enquanto Fiúta, que Deus a tenha, olhava ao redor. “Que bom que Deinhame viu e fez de conta que me conhecia”, falou desconfiado olhando para Anete que sempre teve ciúmes da prima. 
O cenário da Rua do Amparo e o cheiro do betume, do primeiro asfalto, sempre levam Deinha a devaneios. Quando ela pisou pela primeira vez no asfalto, ainda meio mole, teve o solado de seu sapatinho de verniz, que na época dizia-se de “oleado”, preso no chão. O sapato ficou perdido, não na lembrança, que costuma habitar seus sonhos sempre que ela quer refugiar-se em algum lugar do passado. 
Todas essas lembranças aqui contadas vieram à tona porque Deinha tinha lido no obituário do jornal a morte do Penetra.





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