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sexta-feira, 17 de maio de 2024

A ESCRITORA e a EDITORA - Conto de Darcy Brito


Telefone está tocando! 

- Atenda e me diga quem é. 
-Alô! Sim... um momento. 
-É pra você, da Editora. 
-Oi! Pode falar, sou eu. 
-É a respeito do que combinamos. Já resolveu? 
-Sim, mas está faltando um personagem que se encaixe na história. Você poderia me indicar ou ser um? A história já lhe é conhecida fica fácil fazer de conta. Só não esqueça que a protagonista quer ganhar o mundo, imaginando estar numa grande floresta. O que deverá acontecer vai ficar por conta do entrosamento com o personagem escolhido. Se ele corresponder aos desejos da protagonista. Aceita a proposta? 
 -Mas você tem que descrever a protagonista para eu saber que tipo de personagem fará sentido na história.
 -A protagonista é muito reservada e difícil de se abrir num relacionamento. 
 -Então tem que contracenar com um personagem esperto e paciente. Mas não acredito que ele queira simplesmente passear na floresta enquanto seu Lobo não vem. 
-Aí é que mora o problema. 
-E que tipo de relacionamento terá com a personagem? Marido, irmão, amigo,namorado? 
-Ainda não sei. Vai depender do estado civil dele. Melhor ser livre pra não complicar e ter problemas. 
-Mas o leitor gosta de ler história complicada com suspense. Ninguém quer saber de água com açúcar hoje em dia. 
-Suspense é comigo que se trata. Termino a história e deixo sempre o leitor pensando no que poderá acontecer. Comigo tem que rir, chorar e pensar. 
-Bem, aí é com você.Tenho uma lista de personagens selecionados que gosto muito. Vou lhe lhe enviar três, caso goste me diga. Por exemplo: tem um ótimo, bom-vivan, não liga pra nada... outro taciturno, dono da verdade, sempre com cara fechada e misterioso... e um outro conquistador, bom papo, bonitão que as meninas gostam. 
-Humm! E as idades? 
-Aí você escolhe de acordo com o tipo. 
-Eles têem alguma ocupação ou profissão? Porque influi na personalidade e comportamento do sujeito. 
-Bem, você está exigindo demais, escolha você. 
-Acho que vou optar pelo bonitão, conquistador das meninas pra ver como ele se comporta com a personagem fechadona. Caso dê uma boa história combinaremos a publicação. E se quiser vc dá dicas nos diálogos. Ok? 
-Tudo bem. Se precisar pode incluir o fechadão. 

E assim começou uma história fictícia a ser contada a 4 mãos: 

No Escritório 

-Bom dia! Quero falar com Dr. Severino, ele está? 
.-A senhora marcou horário com ele? 
-Sim. 
-Vou ligar pra saber dele se está vindo. 
-É que na semana passada eu vim mas ele mandou dizer que surgiu um problema e que eu viesse hoje. 
-Tudo bem. Ele já está chegando. 

E Pureza aguardou a chegada do doutor por alguns minutos. 

-Bom dia, desculpe a demora e a falta na semana passada. Ando atribulado. 
Ele falou medindo Pureza de alto a baixo como se quisesse elogiar sua nova aparência e disse: 
-Você parece mais feliz hoje. 
-Obrigada, é que já superei aqueles probleminhas, doutor. 
⁃Doutor? Eu era apenas Severino, e você gostava de me chamar de Severo. 
⁃Falando sério, o que me aconselha no caso.Já chegou a alguma conclusão? 
- Na verdade não achei uma boa ideia você querer desistir. Acredito que deveria dar tempo ao tempo. 
-Como assim tempo ao tempo? 
-Precipitar-se nesse caso pode trazer prejuízos. Tenho experiência nesse assunto, acredite. Porque não tenta entrar num acordo?
-No momento está difícil. Esgotei a paciência. 
-Se precisar conversar estou ao seu inteiro dispor. Às vezes desabafos ajudam muito. Ofereço o meu divã. 
-Você daria um bom psicólogo mas não é o caso no momento. Quero ganhar o mundo num lugar tranquilo com paisagens naturais. 
⁃Nada lhe impede de fazer isso. 
⁃Mas quero legalizar tudo antes. O que é meu e o que é dele. 
⁃Não esqueça que nós três somos amigos. Poderei conversar com ele também. 

Conversaram um bom tempo e quase nada foi acertado 

-Bem, já notei que por hoje não vamos chegar a uma conclusão. Estou indo, vou chamar um Uber. Outro dia nos veremos, quem sabe. 
-Vou descer com você, enquanto isso vamos batendo um papo e mudar o assunto, hoje também estou precisando. Muitos problemas a resolver. 

E eles conversaram até a hora da despedida. 

-Quando nos veremos? 
-Quando você encontrar solução para o meu caso. 

Resumo enviado à Editora

⁃Que achou? 
⁃Mais ou menos, precisamos dar uma emoção maior. Caso não consiga entraremos com outro personagem. 
⁃Confesso que gostei do jeito dele. Até me ofereceu seu divã caso eu queira desabafar tudo. ⁃Que divã? 
⁃Modo de falar, para que me abra e ele possa analisar melhor o caso acredito eu. 
⁃Não entendi. Mas quem tem que se abrir não é a personagem? ou a história é na primeira pessoa? 
⁃Mesmo sendo na terceira pessoa quem a escreve se denuncia. 
⁃Vou lhe enviar outro personagem , talvez o fechadão. Pode ser mais uma opção. 
⁃E qual a profissão dele pra eu saber como proceder com a personagem? 
⁃Se quer desabafar temos que incluir um psicólogo ou algo semelhante. 
⁃Ok. Mande. Mas depois só entrarei em contato após terminar toda a história. 
⁃Certo, mas se precisar de um retoque me ligue. E não esqueça que o livro tem que está pronto até o meado do próximo mês. 

E assim continua o romance agora com mais um personagem. 

⁃Desculpe, Severino, por lhe ligar a esta hora da madrugada. Não posso encontrar com você esta manhã porque tenho outro compromisso.Compreendo sua preocupação, por isto vou ter uma conversa com uma pessoa e depois lhe deixo a par da situação, OK? 
-Tudo bem, fique à vontade. Vou dormir até mais tarde hoje

No consultório do Psicólogo. 

⁃Bom dia, senhora! 
⁃Bom dia. Sou Pureza Salgado, tenho um horário com o doutor, quero dizer com o Psicólogo Zanildo. 
⁃Tudo bem, pode sentar-se. 
⁃Ele já chegou?
⁃Sim, mas está atendendo on-line com uma cliente. 
⁃On-line pra mim não dar certo porque tem gente por todos os cantos escutando. 
⁃Hum! Entendo. 
⁃Ele costuma demorar muito? 
⁃Ele costuma atender no horário, a menos que surja um problema. Mas de um modo geral é bastante rigoroso na pontualidade. 
-Certo
⁃Pois não, doutor, sim ela já está esperando. Pode entrar senhora. 
⁃Maravilha, bem pontual. É nessa porta em frente? 
⁃Sim, a outra é de advocacia. 

Ao ouvir a palavra advocacia Pureza lembrou do problema judicial que tem que enfrentar. 


⁃Bom dia senhora, seja bem vinda, o que a traz aqui? 
⁃Não sei, acredito que a tal bagagem que vocês psicoterapeutas tanto falam. 
⁃Pelo jeito a sua começa a pesar. 
-É que tenho de resolver uma problemática jurídica mas tudo indica que o problema é só meu, que estou “imaginando coisas”. Então achei por bem aceitar um conselho para procurar um psicólogo, e aqui estou. 
⁃Se precisar de advogado tem um aqui ao lado porque desse assunto eu não sou nada bom. 
-O problema é que a pessoa de quem sou sócia não quer desfazer o negócio porque acha que vai ter prejuízo já que terá que pagar o que me deve. ⁃E porque a senhora quer desfazer? Não confia no sócio. 
⁃Não é isso. É que quero me ver livre de preocupações que me deixam tensa. Estou com planos de passar uns tempos longe de cidades grandes, me enfiar numa zona de matas para meditar pelo menos por um tempo até ver no que vai dar. Recebi um convite de uns parentes para administrar uma fazenda que está meio abandonada. Nada demais, só manter organizada e limpa. Estive lá e gostei do caminho por entre as árvores, e da casa que fica num plano mais alto com ar fresco e vista agradável. 
⁃Bem, não vejo nenhum problema nisso. A senhora tem planos e isto é muito bom. Dinheiro não é o mais importante neste momento. 
⁃As vezes tomamos atitudes mal prensadas. Quero dizer, se realmente não for isso o melhor pra mim? 
⁃Pensamentos nem sempre traduzem bem o que devemos fazer. Muitas vezes achamos que estamos certos mas é só pensamentos. A senhora já se perguntou a razão de querer abandonar tudo e ir para o mato? 
⁃Como disse, ando muito tensa. Se o senhor encontrar uma forma de diminuir está minha ansiedade, e é por que estou aqui, quem sabe mudarei meus planos. 
⁃Pelo que posso notar não é exatamente a sociedade ou o sócio que a deixa tensa. Há algo mais importante ou sério que está desencadeando, digamos um gatilho que lhe leva à ansiedade. 
⁃Pode ser, mas como saber? 
⁃Qual seu estado civil? Casada solteira, tem filhos, etc? 
⁃Tudo isso junto e mais alguma coisa. Fui casada, estou separada e solteira e um filho que mora no exterior. 
⁃Que tal antes de se desfazer da sociedade a senhora não faz um teste? Deixando andar o negócio com o sócio e passar uns tempos nesta tal mata? Caso se encontre tomará a decisão mais acertada. 
-Tinha pensado a respeito mas não é fácil largar tudo na responsabilidade de outro e saí por aí aventurando. Caso o negócio vá a falência eu serei responsável, não acha? 
⁃Pelo visto a senhora administra a parte financeira. 
⁃Sim, e o sócio fica com o relacionamento com clientes e compras de mercadoria. 
-Caso fosse possível a senhora administraria as finanças à distância enquanto estivesse caminhando nas matas. 
O Doutor falou rindo. 
⁃Brincadeiras à parte, que acha mesmo que posso fazer no momento para acalmar essa minha ansiedade que não me deixa dormir e não gosto de tomar remédios? 
⁃Pois é. Psicólogo não passa remédios só conversa e dá orientações comportamentais. Eu atendo on-line também, caso queira marcar outras consultas. No momento peço que a senhora escute o que vou lhe aconselhar para relaxar até retornar nosso encontro. Quem sabe até lá outra solução se faça valer. 
E o psicólogo ensinou vários exercícios comportamentais de relaxamentos a sua cliente. Mas a escritora não estava muito satisfeita com a personagem e ligou para a editora. 
⁃Sinto muito amiga mas essa coisa de levar a personagem a Psicólogo não me agradou. Vou ter que pesquisar muito e essa área não é minha especialidade. Psicólogo tem que conversar muito para detectar a razão e pelo jeito esse que você me arranjou é meio apressadinho sempre olhando para o relógio. 
⁃Não ponha a culpa nos personagens escritora, você os cria do seu jeito. 
-Pois é, e pelo jeito a personagem não está a fim de se abrir pra qualquer um. Terá que haver interesses afins entre autora e personagem. 
⁃Espere um pouco que um personagem está querendo entrar na sua história, ouviu sua voz e disse que você vai gostar dele. 
-Ai,ai ai! Mas um que você me arranja e diz que sou eu a culpada. 
-Veja se chegou aí, é advogado e acha que você, antes de tudo, precisa resolver a situação judicial.
-E como é ele fisicamente? 
-Não sei só ouví a voz. Descreva do seu jeito, talvez você precise se identificar melhor. 
-Humm! Quem sabe é a solução, vou ter que jogar um pouco da primeira pessoa nessa história. 
-Sim. E cuidado pra não errar no diálogo, advogado é esperto e sabe quando estão tentando engana-lo. 
-Ok. Tomara que me encontre, ou melhor, encontre a solução. 
-O tempo pra você participar desse concurso está terminando. 
-Verdade, e desse não quero desistir. 

Antes de retornar à história lá estava o advogado já esperando para ser incluído na imaginação da escritora. 

⁃Desculpe a intromissão mas é que ouvi o seu desespero e me ofereço para ajudá-la no que for possível. Na verdade eu sempre desejei viver uma história fictícia mas não tinha oportunidade. E se me permite achei interessante esse seu desejo de fugir de tudo. Confesso que de vez em quando acontece comigo também. 
-Quando começo uma história surge mil personagens não sei de onde e me deixam confusa. Espero que você se encaixe na situação. 
-Será uma glória. 
-Agora vou ligar para um que me prometeu ajuda e deixá-lo a par da situação. Aguarde um momento que iniciaremos nossa conversa. 
-Fique à vontade 

-Olá, Severo! Estou tentando resolver meu problema mas não se preocupe, assim que chegar a uma conclusão lhe deixarei à par. 
-Resolvendo como ? Cuidado pra não fazer bobagens. Você pode perder dinheiro! 
-Dinheiro agora fica em segundo plano. Quero dizer vou arriscar um outro jeito. 
-Que jeito? 
-Encontrei um personagem solidário interessado no assunto. 
-Podemos nos encontrar os três para opinar, caso queira estarei às ordens. 
-Quem sabe? 
-Mas com quem vou me encontrar com a autora ou a personagem? 
-Boa pergunta. Veremos depois. 

E Pureza aceitou encontrar-se com o advogado. 

-Seja bem vindo, mas fique sabendo que quem quer abandonar tudo é a Pureza e não eu. Se você quer entrar na história tem que aceitar o que der e vier da autora. Não queira me dizer o que devo fazer. 
-Sim estou aqui por causa de Pureza. Ela se recusa a fazer psicoterapia, não é isso? 
-Sim, mas quando a história se desenrola vocês personagens ficam querendo mudar o destino. Se gostou de Pureza ótimo, ela está mesmo precisando de uma companhia. Não me acorde de madrugada para se queixar. 
-Ok, farei o possível, se Pureza não incomodar. 
-Também farei, Sr… como é seu nome mesmo ? 
-Chamo-me Alcebíades e tenho um Escritorio de Advocacia frente ao Consultorio do Psicoterapeuta. 
-Tá explicado, você percebeu que eu estava precisando de um advogado e veio ao meu encontro. 
-É que geralmente por trás de uma psicanálise pode existir algo mais sério como por exemplo uma separação conjugal. 
-Mas saiba que a conjugal já aconteceu. Quero agora separar sociedade comercial. Mas estou na dúvida. 
-Dúvida de que Pureza? 
-Se vale a pena ter prejuízo em prol de um desejo que possa não durar muito após a realização. 
-Bem, é comum acontecer mas como saber se não tentar? 
-Quero me isolar por uns tempos, andar por entre matas ou florestas. 
-Ah! Isso é muito convidativo. Também gostaria de me isolar por uns tempos. Onde seria? Amazônia? 
-Não tão longe. Uma fazenda perto da cidade que me convidaram para administrar 
-Maravilha! Posso lhe oferecer ajuda. Venho de uma cidade de interior e meu pai era fazendeiro bem sucedido. 
-E você por acaso é livre para aventuras? E seu escritório com quem fica? 
-Com os associados. 
-E sua mulher? 
-Qual delas ? 
-Não entendi. Tem mais de uma? 
-Sim, mas não sou casado. 
-Não quero ser mais uma. 
-No nosso caso você seria uma sócia. 
-Não entendo nada de advocacia. 
-Mas eu entendo de fazenda. Se nada der certo você volta para seu sócio e eu para o meu escritório. Afinal, é só um teste. 
-Vou pensar no assunto. 

E ambos se olharam mais a fundo e marcaram para um almoço num restaurante. 
Pureza lembrou-se do amigo Severino e o convidou para encontrarem-se no dia seguinte para o almoço. 

Pureza acordou mais cedo, foi a um salão de beleza após o café da manhã e, pelo celular, escolheu e reservou um restaurante mais próximo de casa. Em seguida ligou para Severino explicando como encontrá-la e, logo após, o agora sócio fazendeiro e advogado Alcebíades. 

No Restaurante 

Pureza chegou antes dos dois, sentou-se na mesa reservada e esperou por meia hora olhando ao redor e respondendo ao garçom o que fosse necessário. Apenas pediu uma água. Estava tensa com a demora 
De repente um senhor, vestido de vaqueiro, entrou e olhou para um lado e outro e a descobriu conforme o explicado por ela no celular. 
-Foi difícil encontrar esse restaurante. Não o conhecia. Desculpe a demora. Vamos pedir o cardápio que estou faminto. 
-Antes de mais nada quero saber o motivo dessa sua fantasia de vaqueiro. Afinal o assunto não é pra brincadeiras. 
-É que sempre visto essa roupa quando vou ao interior visitar os parentes. 
-Então está indo hoje? 
⁃Sim, e pretendo levá-la comigo para conhecer minha floresta . Se você gostar ficaremos sócios provisórios. 
-Gostei do convite, mas vamos falar sério. Estou aguardando um amigo que convidei para nos encontrar. Olha aí ele está chegando.
-Boa tarde! A demora foi por causa do engarrafamento.
-Esse é Alcebíades!
-Muito prazer, sou Severino, amigo de longas datas de Pureza, e pelo que posso notar nos trajes deve ser o dono da fazenda que ela pretende administrar. Estou certo?
-Vai depender dela aceitar. 
-Por favor, parem com essa conversa. Alcebíades é um advogado que conheci quando eu fazia psicoterapia. E está querendo ajudar no meu projeto que já lhe falei também. 
-Sei, fugir para uma floresta. E o Psicólogo que achou da sua ideia? 
-Desisti antes dos conselhos, e de repente esse advogado surgiu do nada e está querendo me convencer de experimentar com ele uma sociedade. 
-Mas você não é da área dele. 
-Sei disso. É que também estou querendo dar um tempo e fugir. Entendo a situação dela. Sou herdeiro de uma parte de fazenda e entrego para meu irmão administrar. Caso ela aceite iremos os dois dividir os interesses. 
-Entendi. E como advogado resolverá também a separação dela com o sócio nos negócios comerciais. 
-Talvez. Mas não sabemos ainda no que vai dar tudo isso. Veremos. 
-E ele já quer me levar pra conhecer a tal floresta que segundo ele é maravilhosa. 
-Sopa no mel. E eu onde entro em tudo isso, já que fui convidado para o almoço? 
-Sua opinião sempre foi importante pra mim. 
-Explica pra seu advogado que sou amigo também do seu sócio. E ele não tem dinheiro para lhe indenizar. 
-Não se trata disso agora. Quero que ela veja primeiro se é realmente isso que quer. E eu vou aproveitar pra tirar umas férias. 
-Hum! Os dois vão aventurar? 
-Confesso que me interessei pelo assunto e estou disposto a dar uma saída. 
-Interessou pelo assunto ou por ela? Afinal, ela é uma mulher bonita. 
-Bem, gente, o almoço está chegando e vamos matar o desejo da fome certo? 
-Ok Pureza! Seu advogado saberá melhor o que fazer. Eu lavo as mãos. 
-Pelo que noto na sua expressão Sr. Severino, está com ciúmes de mim. 
-Não use seus conhecimentos advocatícios para me julgar. Pureza é de maior e sabe o que faz. 
-Não me diga que vão brigar por minha causa. Vocês mal se conhecem! Agradeço as opiniões mas vamos comer em paz. Peço licença para ir no banheiro. 

E a escritora ficou com receios de lidar com a situação e aproveitou a ida da personagem ao banheiro ligou para a editora. 

-Esse personagem advogado vai me criar problema. Se eu não souber como lidar com ele pode terminar tudo em briga. Que acha? 
-Acho que agora é que a história está ficando boa. Você tem que enfrentar os personagens. 
-Sei não. Escrever ficção é interessante porém cansativo. 
-É porque na verdade a ficção surge dos problemas reais. Vá em frente. 

Ao voltar para a mesa Pureza se deparou surpresa com os dois rindo. 

-Estou gostando da alegria. Me conte qual é a piada. 
-Posso contar Alcebíades? 
-Se quiser tem minha permissão. 
-Conte você mesmo, será mais autêntico. 
-Nada demais, é que recebi uma mensagem de vídeo e a pessoa não me reconheceu e desligou. Mas eu liguei de volta por vídeo pra saber de que se tratava e a pessoa desligou de novo. Pelo número eu sabia quem era, tornei a ligar e pronunciei o nome dela. 
-E ela? Desligou de novo? 
-Não. Apenas disse que queria falar com o advogado Alcebíades. E eu disse sou eu, não está me reconhecendo? E ela falou: o que conheço usa terno e gravata, não essa fantasia, chapelão e colete de couro. 
-E você disse o quê? 
-Que mais tarde explicaria o motivo. 
-E ela? 
-Me mandou pro inferno. 
-Entendi, deve ser mais uma que você passa a conversa. Severino você tem razão. Tenho que pensar mais no assunto. 
-Bem, o almoço foi ótimo e minha cunhada já está aqui mandando mensagem querendo saber se vou hoje pra fazenda ver a reforma que fizeram lá. O convite está de pé Pureza, quer ir comigo? 
Não por hoje. Prometo pensar melhor. Mas com certeza vou precisar de seus serviços como advogado. 
-Claro, estarei às ordens. Quer uma carona, já que veio de Uber? 
-Não precisa, eu a levo, estou de carro também. 
-Nada disso, Severino, vou ao shopping aqui pertinho encontrar com minha irmã que havíamos combinado. Ela também está preocupada com meus planos, já que o marido dela é o meu sócio. 
-E meu amigo também. Por isso insisto que pense bem antes de abandonar tudo. Concorda Alcebíades? 
-Sim, com certeza por isso que sugerir que fizesse uma experiência e me ofereci para participar do projeto. Será um prazer tê-la no meu sítio por um período. 
-Sítio ou fazenda? 
-Chamo de Sítio porque não é muito grande, Pureza. Mas tem as árvores que vai lhe proporcionar prazer. 
-Prometo passar um fim de semana com você e seu irmão nesse seu paraíso. 
-Pode levar sua irmã se quiser. 
-Oba! Vai ser divertido vou pongar nessa aventura de vocês dois. 

E a escritora não dormiu nessa noite, pensando como os três iriam se comportar caso fossem ao tal Sítio. 

-Vamos combinar para o próximo sábado, enquanto isso combino com minha irmã, certo? 
-Por mim tudo bem. 
-Também combinarei com a minha irmã hoje quando chegar ao Sítio. 
-Então, garotos, tchau. Meu Uber está chegando. 

E a escritora não dormiu nessa noite, pensando como os três iriam se comportar caso fossem ao tal Sítio. Logo sentiu uma certa aflição em Pureza: 
-O que houve Demóstenes? ligando a essa hora da manhã? 
-Sábado tentei lhe ligar, Pureza, mas não deu. É que a fiscalizaçao esteve aqui na loja e encontrou produtos vencidos; falaram em multas que se nao pagarmos temos que fechar a loja. Como esse era seu servíço não me preocupava. Não podemos relaxar com produtos naturais você sabe mais que eu.Quero que venha fazer uma inspeção pra saber se eles estão certos ou é algum golpezinho que costumam aplicar para ganhar por baixo dos panos entendeu? 
-Mais essa agora, além de outros prejuízos tendo que baixar preços. Nao aguento com tanto estresse. 
-Comércio é assim. Caso a coisa for muita séria vamos precisar de advogado. 
-Conheço um que poderá nos orientar. Me aguarde que estarei aí ainda hoje pela manhã. 
-Lembre-se que estou precisando fazer aqueles exames médicos, senão a data também passa da validade. 
-Pode marcar seus exames. Eu ficarei tomando conta até resolver tudo. Espero escapar viva.
-E eu também!
-Estava com novos planos e acho que vou ter que adiar por um bom tempo. 
-Já conheço alguns. Algum outro novo? 
-Esqueça todos. São só “imaginações”…

O final da história fica por conta da imaginação do leitor.

Resenha

A intenção desse Conto é mostrar o quão difícil é escrever uma história de ficção sem se envolver muito com os personagens criados pela autora.

Neste Conto temos:
Editora
Escritora
3 Pureza (personagem principal)
4 Severino 
5 Alcebíades
6 Demóstenes










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