Pesquisar este blog

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung



Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung: a década de terror que transformou a China num campo de perseguição.
(Portal Novo Norte)



Durante dez anos, entre 1966 e 1976, a China mergulhou em um dos períodos mais sombrios da sua história recente. Comandada por Mao Tsé-Tung, líder máximo do Partido Comunista Chinês, a Revolução Cultural foi apresentada como uma tentativa de “purificar” a sociedade das influências burguesas e preservar os ideais do comunismo. Na prática, o que se viu foi uma campanha de perseguição, humilhação pública, censura, tortura e assassinato de milhões de cidadãos, muitos deles inocentes.

Mao estava perdendo espaço político após os desastres do “Grande Salto Adiante”, que já havia matado dezenas de milhões pela fome. Para retomar o controle, ele convocou os jovens a se levantarem contra os "revisionistas" infiltrados no partido e nas instituições. Nascia assim o movimento dos Guardas Vermelhos, uma massa de estudantes radicalizados que receberam carta branca para perseguir professores, autoridades, religiosos, intelectuais e até os próprios pais, acusando-os de “pensamentos reacionários”.

Escolas foram fechadas, bibliotecas queimadas e templos históricos destruídos. Obras de Confúcio, clássicos da literatura chinesa e livros estrangeiros foram lançados ao fogo. Qualquer um que demonstrasse costumes considerados "ocidentais" ou "elitistas" era denunciado publicamente. Pessoas eram forçadas a usar placas penduradas no pescoço com acusações absurdas e a rastejar diante de multidões, sendo espancadas até a morte em muitos casos.

Segundo estimativas de pesquisadores como Frank Dikötter, autor de The Cultural Revolution: A People's History, pelo menos 2 milhões de pessoas foram mortas, e dezenas de milhões sofreram prisões arbitrárias, torturas ou trabalhos forçados. Os dados exatos são incertos porque o governo chinês jamais permitiu acesso completo aos arquivos da época. A violência foi sistêmica e alimentada pelo próprio aparato estatal, que premiava denúncias e silenciava qualquer resistência.

Famílias foram destruídas por acusações feitas dentro de casa. Crianças denunciavam pais. Irmãos se voltavam uns contra os outros. O culto à personalidade de Mao atingiu níveis religiosos: seu “Livro Vermelho” era tratado como sagrado, e sua imagem estava em todos os lugares. Qualquer crítica — mesmo a uma decisão local — podia ser interpretada como traição ao líder supremo, com consequências fatais.

Durante esse período, o país praticamente paralisou seu desenvolvimento intelectual. Universidades deixaram de funcionar, cientistas foram ridicularizados e perseguidos, e o campo cultural se reduziu à repetição de slogans e encenações favoráveis ao regime. A medicina tradicional foi atacada, a arquitetura antiga demolida e líderes do próprio partido foram presos, como Deng Xiaoping, que viria a se tornar o futuro reformador da China nos anos 1980.

A morte de Mao, em 1976, marcou o fim da Revolução Cultural. A geração que sobreviveu ao período carrega até hoje cicatrizes psicológicas e sociais profundas. O Partido Comunista Chinês chegou a reconhecer “excessos”, mas jamais permitiu uma discussão pública franca ou responsabilizou diretamente os líderes pelos crimes cometidos. Até hoje, o tema é tabu nas escolas e nos meios de comunicação controlados pelo governo.

A Revolução Cultural não foi apenas um erro político: foi um experimento social conduzido por um Estado totalitário que incentivou o ódio como forma de controle. O terror, a desinformação e a censura foram usados como armas para reescrever a realidade e eliminar qualquer forma de pensamento livre. Para o mundo, fica a lição amarga do que acontece quando um regime concentra todo o poder em uma ideologia que considera qualquer oposição uma ameaça a ser exterminada.


Fonte: Portal Novo Norte

WhatsApp: 63 98121-2858

E-mail: portalnovonorte@gmail.com

Trump deu ultimato ao Irã

  Trump deu ultimato ao Irã Após anunciar que os EUA atacaram três instalações nucleares no Irã, Trump disse que o objetivo da ação foi “aca...