
No dia oito de Dezembro de 1930, suicida-se ingerindo dois frascos de Veronal. Essa teria sido a sua terceira tentativa de suicidio a qual não resistiu.
A Vida e a Morte
O que é a vida e a morte
Aquella infernal enimiga
A vida é o sorriso
E a morte da vida a guarida
A morte tem os desgostos
A vida tem os felises
A cova tem as tristezas
I a vida tem as raizes
A vida e a morte são
O sorriso lisongeiro
E o amor tem o navio
E o navio o marinheiro
Auctora Florbella Espanca
Em 11-11-903
Com 8 annos d'Idade
(Florbela Espanca, «Esparsos», in «Poesia Completa»)
Lágrimas ocultas ( Livro de Mágoas - 1919)
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Anoitecer ( Livro de Soror Saudade - 1923)
A luz desmaia num fulgor de aurora,
Diz-nos adeus religiosamente...
E eu que não creio em nada, sou mais crente
Do que em menina, um dia o fui.... outrora
Não sei o que em mim ri, o que em mim chora,
Tenho bênçãos de amor pra toda a gente!
E a minha alma, sombria e penitente,
Soluça no infinito desta hora...
Horas tristes que são o meu rosário....
Ó minha cruz de tão pesado lenho!
Ó meu áspero e intérmino Calvário!
E a esta hora tudo em mim revive:
Saudades de saudades que não tenho
Sonhos que são os sonhos dos que eu tive...
Nenhum comentário:
Postar um comentário