O Brasil, na sua fase inicial, não possuía tipografia e muito dos manuscritos do período colonial só sobreviveram graças aos esforços de seus autores. Era um país sem livros.
Pero Vaz de Caminha (? - 1500) escrivão português, elaborou a carta de Achamento do Brasil, entre abril e maio de 1500, logo após desembarcar com a frota de Cabral. Uma espécie de certidão de nascimento da Ilha de Vera Cruz. Era o primeiro documento em língua portuguesa sobre o país, mas que só foi conhecido em 1817, porque a coroa mantinha o manuscrito guardado em Lisboa a sete chaves para evitar a cobiça dos estrangeiros.Os jesuítas mandados de Portugal para o Brasil a partir de 1549, para ensinar a língua portuguesa e a religião católica aos índios, adotaram com originalidade termos nativos nas suas obras. O padre José de Anchieta, (1534-1597)foto, por exemplo, escrevia cartas, ensaios, sermões e poesia não só em latim, português e castelhano, como também em tupi-guarani, e usou o teatro para evangelizar. Mas nesse primeiro século, de Brasil colônia, estava longe de ter uma literatura que pudesse chamar de brasileira. Esses autores estavam separados a centenas de milhares de quilômetros, nos raros núcleos de povoamento.Como bem comparou metaforicamente o crítico literário Antonio Cândido em Iniciação à Literatura Brasileira: "eles eram os vaga-lumes numa noite densa". Ilustrando assim a precariedade no mundo das letras numa época em que não havia instituições de ensino superior no país e nem havia livros impressos, jornais ou panfletos. A colônia vivia alienada, seu elo com o mundo era através de Portugal. quem quisesse publicar suas obras precisava embarcá-las de navio para a metrópole. Só no século 19 o Brasil conheceu a tipografia, com a chegada da família real em 1808. À semelhança do território, povoado por índios, negros, portugueses e mestiços, a literatura não tinha identidade própria. No livro História da Literatura Brasileira, a historiadora e crítica literária italiana Luciana Stegagno Picchio afirma ..."a estética barroca se adapta perfeitamente a um país que cria sua própria fisionomia e cultura em termos de oposição e de encontro de contrários, de mestiçagem. Neste sentido, também a primeira literatura dos descobrimentos, com seu tom grandiloquente é literatura barroca como também o é, em bloco, a literatura dos jesuítas...."
Mas foi em 1601, com a publicação de Prosopopeia, que determinou no país o início do Barroco - um estilo rebuscado. Esse poema épico, marcado pela tensão entre divino e profano, céu e terra, razão e emoção, escrito pelo judeu luso-brasileiro Bento Teixeira Pinto(1561-1600) entre 1584 e 1592, tem clara influência de Os Lusíadas,de Luís de Camões.
Dois autores se destacaram no Brasil, no período em que a igreja católica tentava recuperar seu poder político e social enfraquecido pelas reformas protestantes e pelo Renascentismo: o poeta baiano Gregório de Matos e Guerra(1636-1695) formado em Direito em Coimbra, e o padre jesuíta português Antônio Vieira (1608-1697). A obra de Gregório de Matos só foi parcialmente editada 200 anos depois de escrita. A autenticidade dos textos é posta em dúvida porque, se resistiu ao tempo, foi graças ao artifício de distribuir os manuscritos aos amigos, que copiavam e passavam adiante. Não há notícia de nenhum manuscrito de seu próprio punho. O que não o impediu de ser considerado por todos os estudiosos de o maior poeta do Barroco brasileiro.
O português Antônio Vieira propagava sua obra através da oratória e arrebatava platéias durante suas declamações públicas. Amigo da realeza, trabalhou pela permanência de seus escritos organizando ele próprio a primeira edição de seus Sermões, a partir de 1679. De linguagem requintada e cheia de religiosidade sua obra exibe o uso excessivo de metáforas e de outro recurso: alegorias, que marcou a literatura barroca - menciona-se uma coisa querendo dizer outra com a intenção de dar uma lição de moral. Outro artifício muito comum no Barroco é a hipérbole que ou aumenta ou diminui o objeto da narrativa. Exemplo: Não há homem tão pigmeu ou tão formiga que não aspire a ser gigante (extraido dos Sermões).
Em 1763 a capital de Salvador é transferida para o Rio de Janeiro, favorecendo uma renovação artística no Brasil. Uma mudança estratégica: a cidade ficava mais perto das novas fontes de riqueza, as jazidas de ouro e diamante de Vila Rica ( atual Ouro Preto) mudou o eixo econômico do país. O Barroco entrava em decadência. O Arcadismo, com seu modo simples e objetivo de fazer literatura, passou a ser almejado pelos autores que prezavam a ordem direta, o vocabulário claro, dando valor à natureza e à universalidade. Arcádia, é uma província lendária da Grécia, onde homem e natureza viviam em harmonia. Com esses princípios remetem aos clássicos gregos. O Arcadismo também ficou conhecido como Neoclassicismo e, por causa da influência da nova safra de autores ligado a Minas Gerais, também recebeu o nome de Escola Mineira. Neste contexto, a literatura ganhou uma identidade brasileira, falando da natureza, dos aspectos da paisagem tropical, das minas de ouro e do índio, como no poema religioso Caramuru, escrito por José de Santa Rita Durão(1722-1784) e no épico O Uraguai, de José Basílio da Gama ( 1741-1795), conquistou a solidariedade contra o massacre que era imposto pelo branco. Surgiram as academias e sociedades literárias, e os intelectuais e artistas já não estavam isolados, havendo uma interação entre o escritor, seu objeto e público que foi refletido nas suas produções.
A independência dos Estados Unidos, em 1776 e a Revolução Francesa em 1789, inspiraram, nos três poetas amigos,Claudio Manoel da Costa (1729-1789),Tomás Antonio Gonzaga (1744-1810) e Inácio José de Alvarenga Peixoto, o espírito libertador, unindo este espírito ao Arcadismo. Eles participaram do movimento independentista Inconfidência Mineira, revolta contra os altos impostos cobrados pela monarquia pela extração do ouro. Foram presos e morreram no exílio ou no cárcere. Em suas obras defendiam a vida simples, bucólica e pastoril. Adotavam pseudônimo de pastores, convencionando o que se chamou de fingimento poético.. Tomás Antonio Gonzaga se apresentava como pastor Dirceu, por exemplo, e Cláudio Manoel da Costa era o guardador de rebanhos Glauceste Satúrnio, autor do poema Obras, dando início ao Arcadismo brasileiro. Quem deu maior destaque tropical ao movimento foi o poeta árcade Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814), transportando para seus versos a fauna e a flora brasileira bem como os acidentes regionais.Seu mais famoso poema tem como musa uma índia, Glaura, que dá nome ao poema. Mas Tomás Antonio Gonzaga é o que melhor atingiu os preceitos árcades de simplicidade e naturalidade. É dele o poema Marília de Dirceu, que serve de exemplo do gênero. Acredita-se que seja dele também os versos, Cartas Chilenas, que ridicularizam o então governador de Minas Gerais Luís da Cunha Menezes, escrita sob anonimato e publicada apenas em meados do século 19.
No início do século 19 surge o Romantismo estilo que surgiu na Inglaterra e na Alemanha. A palavra deriva do advérbio latino romanice, que significa "na língua de Roma", embora as histórias não fossem narradas em latim, a palavra apenas era usada para definir um tipo de poema épico. O Romantismo chegou por aqui em 1836, com a Niteroi, Revista Brasilense e o livro Suspiros Poéticos e Saudades, de Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882), ambos publicados em Paris. Logo as primeiras obras românticas brasileiras surgiram com Canção do Exílio, de Gonçalves Dias (1823-1844) em 1846, e a Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo (1820-1882) em 1844. Ao longo do século 19 o Romantismo e o Realismo se confrontaram, sendo que o Realismo venceu o jogo. O marco inicial do Realismo/Naturalismo chega com Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-1908), publicado em 1881. Com essa obra a idealização e o imaginário que dominava na época do Romantismo cedeu lugar à razão e a objetividade na construção da narrativa: "Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas..." Com isso Machado de Assis critica os autores românticos ao descrever Virgília, no retrato físico e moral da personagem feminina de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Joaquim Maria Machado de Assis tornou-se o maior autor brasileiro de todos os tempos.
Para criar as bases da literatura brasileira, os autores brasileiros foram em busca de elementos do passado e chegaram ao descobrimento para criar seus personagens, resgatando o nacionalismo e o saudosismo típico do período. Assim, o índio virou herói das histórias. Podemos dizer que o maior representante dessa corrente nacionalista literária foi José de Alencar (1829-1877), autor de O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). Outro muito importante foi Antonio Gonçalves Dias (1821-864), autor do poema épico Juca Pirama, que na língua tupy quer dizer "aquele marcado para morrer", publicado no livro Últimos Cantos (1851).
José de Alencar foi além do indianismo, com temas mais profundos construindo personagens complexos, como Lúcia de Lucíola (1862) e Aurélia de Senhora (1875), onde descreve conflitos da alma e choque entre o bem e o mal. Nota-se em sua prosa urbana alguns aspectos do Realismo, época em que a ciência surgia como a única capaz de explicar a realidade e resolver os problemas da humanidade. Essa mudança de pensamento se deu graças à publicação de Origem das Espécies, em 1859, do cientista e pesquisador Charles Darwin (1809-1882), provando que o homem é regido por leis naturais, influenciando, assim toda a arte, e consequentemente a prosa e a poesia. A partir daí alguns românticos assimilaram o espírito do novo tempo, como Antonio de Castro Alves ( 1847-1871), que levantou-se contra as injustiças sociais e a escravidão em Cachoeira de Paulo Afonso,(1876), e os Escravos (1883) publicados postumamente.
Também o célebre romance sertanista A Escrava Isaura (1875), do mineiro Bernardo Guimarães(1825-1884) tem seu toque social.
Para criar as bases da literatura brasileira, os autores brasileiros foram em busca de elementos do passado e chegaram ao descobrimento para criar seus personagens, resgatando o nacionalismo e o saudosismo típico do período. Assim, o índio virou herói das histórias. Podemos dizer que o maior representante dessa corrente nacionalista literária foi José de Alencar (1829-1877), autor de O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). Outro muito importante foi Antonio Gonçalves Dias (1821-864), autor do poema épico Juca Pirama, que na língua tupy quer dizer "aquele marcado para morrer", publicado no livro Últimos Cantos (1851).
José de Alencar foi além do indianismo, com temas mais profundos construindo personagens complexos, como Lúcia de Lucíola (1862) e Aurélia de Senhora (1875), onde descreve conflitos da alma e choque entre o bem e o mal. Nota-se em sua prosa urbana alguns aspectos do Realismo, época em que a ciência surgia como a única capaz de explicar a realidade e resolver os problemas da humanidade. Essa mudança de pensamento se deu graças à publicação de Origem das Espécies, em 1859, do cientista e pesquisador Charles Darwin (1809-1882), provando que o homem é regido por leis naturais, influenciando, assim toda a arte, e consequentemente a prosa e a poesia. A partir daí alguns românticos assimilaram o espírito do novo tempo, como Antonio de Castro Alves ( 1847-1871), que levantou-se contra as injustiças sociais e a escravidão em Cachoeira de Paulo Afonso,(1876), e os Escravos (1883) publicados postumamente.
Também o célebre romance sertanista A Escrava Isaura (1875), do mineiro Bernardo Guimarães(1825-1884) tem seu toque social.
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