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sexta-feira, 15 de junho de 2012

A Peste, doença do passado, ainda ameaça

(Resumo do artigo publicado na Revista Ciência Hoje de junho de 2012)
Imagens google.

Pesquisas mostram que a incidência da Peste vem crescendo em vários países. No Brasil o último registro foi em 2005, mas o Serviço de Referência Nacional em Peste (SRP) está em busca de novos conhecimentos e tecnologias para aperfeiçoar os sistemas de vigilância e de controle epidemiológico, para evitar que a bactéria, ainda encontrada em roedores silvestres em algumas áreas do país, atinja a população humana.
Responsável pela morte de mais de 200 milhões de pessoas  ao longo dos últimos milênios, em diferentes épocas, alterou o curso da história, social e economicamente. Ela atingiu ricos e pobres, homens e mulheres, adultos e crianças. As artes como a pintura, literatura, poesia, teatro e cinema retrataram suas marcas através dos anos..
Originária do planalto central da Ásia a enfermidade causou, só na era cristã, três pandemias. A primeira, (Peste de Justiniano) afligiu o norte da Africa, Europa e o centro-sul da Ásia, entre os anos de 542 e 602, com elevada mortalidade tendo como consequência o declínio do Império Romano. A segunda (Peste Negra)surgiu na forma mais letal, a pneumônica, e se estendeu até do século 14 ao 16, exterminando um terço da população européia entre os anos de 1347 a 1353, ou seja em apenas seis anos. A terceira, chamada de 'Pandemia Contemporânea', teve início na China, em 1855, considerada a única de fato pandêmica graças ao desenvolvimento do transporte marítimo, e em menos de 50 anos a epidemia se espalhou por locais até então livres da doença, criando focos em todos os continentes habitados, com exceção da Oceania.
A Peste chegou ao Brasil em 1889, pelo porto de Santos, no navio Zeyer, que chegou da Holanda com um carregamento de trigo e com ratos e pulgas infectados, atingindo primeiro as cidades litorâneas, (fase portuária da doença). A partir de 1907 começou a fase urbana, quando a peste, por  ferrovias e rodovias chegou ao interior do país atingindo cidades grandes, vilas e povoados. Logo famosos pesquisadores foram a Santos, incluindo Oswaldo Cruz, para investigar a doença, onde os esforços para a fabricação de soros e vacinas contra a peste deram origem a dois institutos, um em 1889, (o atual Butantan) e o outro em 1900( a atual Fundação Oswaldo Cruz).
Após a Segunda Guerra Mundial, os antigos navios infestados de roedores e pulgas foram afundados e substituídos por modelos modernos, à prova de ratos, e a sua expansão diminuiu bastante, mas alguns consideram que esta terceira pandemia ainda está em curso.
Peste bubonica ( imagem do google)
A peste é, em essência, uma doença de roedores, mas é transmitida principalmente pela picada de pulgas infectadas por bactérias. Esta bactéria foi isolada pela primeira vez em junho de 1894, durante a terceira pandemia, pelo pesquisador suíço naturalizado francês, Alexander Yersin(1863-1943), em cadáveres e ratos(Rattus rattus). Em homenagem ao seu descobridor o microorganismo recebeu o nome de Yersinia pestis. Esta bactéria tem a forma de bacilo curvo e ovóide e já foi encontrada em mais de 200 espécies de pulgas, do total de 3 mil. Nos focos ainda existentes no Nordeste brasileiro, destaca-se um roedor nativo, o pixuna ou ratinho-do-cerrado (Necromys lasiurus). As pulgas parasitam os ratos ( seus hospedeiros) e são as principais transmissoras da doença. Cães, gatos, coelhos, caprinos e camelos também podem ser hospedeiros da Y.pestis. Pessoas que acampam, caçam, pescam em ambientes rurais e campestres, onde vivem roedores que podem estar infectados, podem acidentalmente contrair a doença.
 Também pode haver introdução de roedores e pulgas infectadas em ambientes habitados por humanos. A transmissão de pessoa para pessoa é mais rara, mas pode ocorrer por vias aéreas ( gotículas com bactérias expelidas na tosse ou no espirro). Neste caso na forma pneumônica, que é considerada a mais grave. Porém, qualquer uma das três formas, sem um pronto atendimento, a doença é fatal. 

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