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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Vida de Escritor


                                                                                         por  Darcy Brito

Já estava terminando a história, (pelo menos é o que parecia), quando de repente entrou um personagem puxado por outro. Um cara chato cheio de manias, que de início sabia que iria me dar trabalho para manipular, e, por esta razão, evitei ao máximo valorizar sua participação. Toda vez que se insinuava cutucando a memória da personagem sua amiga, eu dava um chega pra lá. Escondi o intruso o quanto pude, mas, nesse mundo virtual, é impossível manter-se incógnito ou invisível. E eis que, a curiosidade comum aos internautas, levou sua amiga a navegar no mar de ondas eletromagnéticas até as nuvens do vale do silício. E lá estava ele, o chato, cujo perfil não revelava o seu verdadeiro DNA. Claro. Só eu sabia o que ele escondia. Nada pude fazer, já que somos invadidos todos os dias em nossa privacidade. Pensei em ocultá-lo da página dela, mas não tive permissão. Quando dei por mim lá estavam os dois marcando um reencontro na vida real. E agora? O jeito é fazer com que a amiga perceba que as manias dele se intensificaram com o tempo, se decepcione e desista da amizade. Porém, aí é que entra a parte mais difícil. Se ela fez a busca é porque queria encontrá-lo. A decepção poderá levá-la a um estado de humor que costuma acometer pessoas carentes e, no caso dela, desencadear o que mais teme: a tal depressão que habita os sótãos fantasmagóricos da linhagem familiar, precedentes nada animadores, segundo os médicos. Espero encontrar uma boa saída, sem traumas para ambos. Aguardem.

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