por Darcy Brito
Já estava terminando a história, (pelo
menos é o que parecia), quando de repente entrou um personagem puxado por
outro. Um cara chato cheio de manias, que de início sabia que iria me dar
trabalho para manipular, e, por esta razão, evitei ao máximo valorizar sua
participação. Toda vez que se insinuava cutucando a memória da personagem sua
amiga, eu dava um chega pra lá. Escondi o intruso o quanto pude, mas, nesse
mundo virtual, é impossível manter-se incógnito ou invisível. E eis que, a
curiosidade comum aos internautas, levou sua amiga a navegar no mar de ondas
eletromagnéticas até as nuvens do vale do silício. E lá estava ele, o chato,
cujo perfil não revelava o seu verdadeiro DNA. Claro. Só eu sabia o que ele
escondia. Nada pude fazer, já que somos invadidos todos os dias em nossa
privacidade. Pensei em ocultá-lo da página
dela, mas não tive permissão. Quando dei por mim lá estavam os dois marcando um
reencontro na vida real. E agora? O jeito é fazer com que a amiga perceba que
as manias dele se intensificaram com o tempo, se decepcione e desista da
amizade. Porém, aí é que entra a parte mais difícil. Se ela fez a busca é
porque queria encontrá-lo. A decepção poderá levá-la a um estado de humor que
costuma acometer pessoas carentes e, no caso dela, desencadear o que mais teme:
a tal depressão que habita os sótãos fantasmagóricos da linhagem familiar,
precedentes nada animadores, segundo os médicos. Espero encontrar uma boa
saída, sem traumas para ambos. Aguardem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário