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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Há! Nicolau, Nicolau!

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foto Ronaldo Jacobina
Vamos Nicolau,  anda! Não tenho tempo a perder,  minha agenda hoje está cheia, não é hora de se espreguiçar, se vem comigo tem que se apressar e não resmungue, você está muito mal acostumado, agora deu pra não querer comer só pra me preocupar, não basta as tantas que já tenho. Cadê o outro pé do meu sapato, Nicolau? Deixe de pirraça, vá buscar, anda, sei que foi você. Isso é coisa que se faça, numa hora dessa? Qualquer dia viajo e lhe deixo sozinho pra você aprender. E não adianta chorar. Ai se eu tivesse coragem! Você sabe que eu não tenho natureza pra isso, aí nem  liga pro que eu digo. Tá surdo Nicolau? Come logo essa comida criatura de Deus! Televisão, agora? nem pensar seu egoísta! Contado ninguém vai acreditar que estou vendo isso. O programa que você gosta é em outro horário, de noite, aquele dos bichos "mal-educados". Já lhe falei disso várias vezes, parece que bebe seu teimoso! Estou esperando, Nicolau, vai pegar o outro pé do meu sapato, isso é apenas a caixa! Dê aqui, dá vontade de rir mas não vou lhe dá ousadia, seu cabeludo metido.
Vamos, entra logo no carro. Se soubesse dirigir ia lhe dá a direção, pra você se estressar nos engarrafamentos. Quando chegar na clínica vou pedir para o doutor lhe passar um sermão. Finge que está engolindo o remédio e quando eu menos espero põe pra fora. Pior pra você. E pra mim, que tenho que lhe trazer pra nova consulta. Não quero saber de agrado, seu tapeador, chegue pra lá que estou dirigindo.  Nem venha com esse seu olhar lânguido. Parece criança! O que é que está vendo Nicolau? Já sei, gostou da bonitinha enfeitada foi? Não é pro seu bico. Ela é muita farinha pro seu caminhão, teria que dá duas viagens, seu bobo fogoso. Pra isso que a natureza fez os machos, para correr atrás de fêmeas. Pois é doutor, não está vendo essa carinha  de santo? Isso apronta que o senhor nem imagina. Nem vou entrar para os exames, só quero ouvir as recomendações. Pronto? Ouviu bem Nicolau? Agora é  com você, lavo minhas mãos. Vou lhe deixar em casa porque sua vida tá ganha e seu leitinho garantido, aliás, acho que vou mudar para o desnatado, você está ficando gordo, o doutor falou: "regime nele"! Nem pense que vou ter peninha de você.  Tá bom, agora aceito o beijinho de despedida.
Há! Nicolau, eu brigo assim, mas sem você não vivo, meu cachorrinho lindo.

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