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quinta-feira, 1 de junho de 2023

Russia Beyond - O cachorro soviético dos ‘Guardiões da Galáxia’ era de verdade — e fez história







 

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O super-herói chamado Cosmo, um cachorro com telecinese e poderes psíquicos, foi baseado em um cachorro de verdade. No caso, a cadela vira-lata chamada Laika, o primeiro animal a entrar na órbita espacial. Sua trágica morte foi um escândalo internacional e se tornou um problema para as autoridades soviéticas.o 

Laika foi encontrada na rua, como a maioria dos cachorros que participaram dos experimentos espaciais soviéticos. Ela foi a primeira criatura viva a ir para o espaço. Seu destino inspirou cineastas, escritores e músicos de todo o mundo a criar diferentes tipos de obras. Uma de suas “reencarnações” é o personagem do Universo Marvel, o cão espacial Cosmo.

Nos dois primeiros filmes da franquia ‘Guardiões da Galáxia’, este cachorro fez apenas participações especiais. No entanto, depois de dar ao personagem um ativador de voz robótica feminina (em óbvia alusão a Laika) no especial de feriado de 30 minutos da franquia, o diretor James Gunn decidiu incluir o cachorro agora falante no seguinte ‘Guardiões da Galáxia, Vol. 3’ (2023).


Outubro de 1957. Laika em um contêiner durante preparativos para o voo espacial em um instituto da Academia de Ciências da URSS

Laika voou para o espaço em 3 de novembro de 1957 — apenas um mês depois do lançamento do primeiro satélite artificial. Na época, por três semanas seguidas, o mundo inteiro ouviu o famoso som “bip-bip-bip”, e a era espacial da humanidade teve então início.

Seu voo foi acompanhado por uma emoção sem precedentes na esteira do lançamento do primeiro satélite. O próprio secretário-geral Nikita Khruschov instruiu que fosse preparada a próxima missão o mais rápido possível — o que seria ainda mais vertiginoso, pois envolveria um ser vivo. Era necessário chegar a tempo para o 40º aniversário do poder soviético em 7 de novembro

Serguêi Korolev, então chefe do programa espacial, apoiou a ideia. Ainda mais porque as pesquisas médicas e biológicas com cães já vinham acontecendo havia muito tempo, desde a década de 1940. Os testes iniciais foram realizados em um laboratório secreto do Instituto de Medicina Aeronáutica, que se escondia sob a identificação: ‘Unidade militar número 2469’.

Não somente cães treinados foram preparados a tempo, mas também uma cabine com dispositivo de alimentação automática e um “banheiro” para os animais (que, aliás, apresentava uma certa “discriminação” por sexo — o design mais simples foi projetado apenas para cadelas, de modo os machos tiveram que permanecer na Terra).


O que não estava disponível na época era um satélite capaz de retornar da órbita para a Terra. “É claro que Laika estava condenada desde o início, já que o mecanismo de retorno não existia”, disse Oleg Gazenko, acadêmico e líder do programa espacial. “Mas [a morte de Laika] deveria ter acontecido após cerca de uma semana de voo”, acrescentou. A cadela morreu bem antes disso.


Morte oculta

Laika começou a se preparar para o voo com três dias de antecedência. Eles a desinfetaram, espalharam iodo em suas costelas e perto da artéria carótida, colocaram-na em um traje antibomba e depois em uma cabine pressurizada.

Durante o lançamento, sua pulsação mais que triplicou, para 250 batimentos por minuto. A respiração quadruplicou. Mas, uma vez em órbita, depois que os motores desligaram, ela se acalmou. Todos assistiam o voo com esperança.

No entanto, após cinco horas, os ventiladores da cabine não aguentaram a carga de calor, com a temperatura na cabine chegando a 42ºC. Após o quarto voo ao redor da Terra, os instrumentos registraram uma parada cardíaca — Laika acabou morrendo de hipertermia.

A espaçonave Sputnik-2, com a cadela morta, ficou em órbita por meio ano antes de queimar na atmosfera, em 14 de abril de 1958.


Os detalhes da morte do cachorro não foram divulgados até 2002. Em 1957, a imprensa soviética publicou relatórios sobre o estado de saúde de Laika por sete dias seguidos. Oficialmente, Laika estava viva.


“O cachorro mais peludo, solitário e miserável do mundo”


No Ocidente, o voo foi uma sensação. “O cachorro mais peludo, solitário e miserável do mundo”, escreveu o New York Times em 5 de novembro de 1957. Ela era admirada e todos estavam profundamente preocupados.


Quando, uma semana depois, a imprensa soviética parou de publicar informações sobre Laika, o Ocidente ficou alarmado. A informação inicial da URSS era de que Laika retornaria à Terra. Mas jornais europeus começaram a publicar manchetes: “Cão espacial morreu?”. A tensão aumentava.

Na época, um boato foi espalhado por jornais europeus ​​de que o cachorro havia sido dopado com uma droga forte adicionada à última mordida na comida para evitar que sofresse agonia prolongada”. Esta notícia foi acompanhada pelo epitáfio: “Ao sacrificar-se, Laika deu à ciência informações preciosas que em breve permitirão à humanidade conquistar o espaço”.


Isso provocou uma enxurrada de críticas no Ocidente, com várias acusações de crueldade pelo Kremlin. Dentro da União Soviética, as autoridades evitaram falar sobre a morte do primeiro animal em órbita — passando quase despercebido; os jornais se concentravam no progresso técnico. Para celebrar, a URSS lançou o cigarro ‘Laika’ e, em 2008, foi inaugurado um monumento à cadela no Instituto de Medicina Militar de Moscou.












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