Li, num artigo da revista Ciência Hoje, intitulado Anatomia do erro médico, que o oncologista norte-americano Jay Marion, que ministrou no Rio de Janeiro em Outubro, a palestra "Revelação de erros médicos" é a favor que pacientes sejam informados dos erros para ajudar a prevenir falhas futuras e, naturalmente, evitar problemas com processos na justiça impetrado pelos familiares, que só o fazem quando, segundo eles, o erro é acobertado . Muitos médicos ainda resistem à ideia, embora haja consenso de que erros médicos que resultam em danos físicos e psicológicos devam ser revelados - diz o artigo. De acordo com Marion, cerca de 100 mil mortes por ano, nos Estados Unidos, são atribuídas a causas que resultam de erro médico. E acrescenta: "Mas, como quem define o que é dano costuma ser o responsável pelo erro, seu julgamento nesses casos pode ficar comprometido.
Bem, estou transcrevendo este artigo para chamar a atenção para o termo, usado pelo palestrante, chamado de truthiness (mais ou menos 'verdadeza' em português) uma verdade não baseada em fatos, mas em sentimentos; acreditar naquilo que se deseja em vez do que se sabe ser verdade. A verdadeza é resultante da interferência dos nossos preconceitos, experiências etc.sobre a avaliação racional e intuição quando queremos revelar uma informação.Para Marion, essa 'verdadeza' pode interferir com os princípios éticos do médico, que pode achar melhor ou não revelar o erro.
Ora, não só no caso acima podemos nos deparar com 'verdadezas'. Há sempre pessoas fazendo julgamentos subjetivos, baseados em suas experiências, crenças ou preconceitos, para explicar acontecimentos cuja verdade pode ser omitida ou deturpada. Cito o exemplo da tragédia na Boate de Santa Maria, no Rio Grande do Sul que, por mais clara que esteja a razão da tragédia, tem gente que acha que foi uma fatalidade ou desígnio de Deus. Se acharmos que todos que estavam ali tinham seus destinos já traçados, para que investigar os culpados? Que ajuda isso pode trazer na prevenção de erros futuros? O mesmo exemplo serve para o outro caso recente do contraste usado na ressonância magnética, que levou a óbito três pacientes. O erro tem que ser explicado para se evitar a repetição. Acho que deixar nas mãos de Deus os julgamentos de erros terrestres não melhora a vida aqui na terra. Espero que esta minha verdade não seja uma 'verdadeza'.
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